Depois de participarem em Março no prestigiado Festival de Música Contemporânea de Berlim, Maerzmusik, e de irem ao Centro Cultural de Belém, o agrupamento Miso Emsemble e Miguel Azguime rumam em Abril ao Reino Unido, com o apoio do Instituto Camões, para a Oxford Contemporary Music, onde se apresentarão, juntamente com o Smith Quartet, o parceiro britânico do projecto Circuits, que desde 2004 pretende dar visibilidade à música contemporânea portuguesa no estrangeiro.
Número 124 · 9 de Abril de 2008 · Suplemento do JL n.º 979, ano XXVIII
A 25 de Abril, no Jacqueline du Pré Music Building, em Oxford, o Miso Ensemble apresenta O Ar do Texto Opera a Forma do Som Interior, uma versão aligeirada da parte de vídeo da ópera multimédia O Itinerário do Sal, composta por Miguel Azguime, que é também o autor dos textos e poemas e, juntamente com Paula Azguime, a outra metade do duo Miso Ensemble, do conceito e da encenação. Miguel Azguime, compositor, poeta e percussionista, é igualmente o intérprete, enquanto Paula Azguime tem a responsabilidade da projecção sonora e electrónica em tempo real e é autora do vídeo juntamente com Perseu Mandillo.
No dia seguinte, no mesmo local, será a vez do Smith Quartet apresentar a estreia absoluta do Quarteto nº 2 de Pedro Amaral, uma encomenda ao autor da Miso Music Portugal, a associação cultural que Miguel Azguime anima e que desenvolve desde 1999 uma intensa actividade de apoio à música contemporânea portuguesa, nomeadamente por via da encomenda de obras - 25 desde 2001, segundo a listagem apresentada na página da associação.
Em Oxford, uma outra obra resultante do patrocínio da Miso Music, Horizon, de Carlos Caires, já estreada em Berlim, será interpretada pelo Smith Quartet, que também tocará Paraître Parmi, uma peça de Miguel Azguime, Hatch (de Andrew Poppy), Triple Quartet (Steve Reich), Potassium (Michael Gordon).
A Oxford Contemporary Music é uma organização cultural britânica não-lucrativa, financiada pelo Arts Council de Inglaterra, o Município de Oxford e a Oxford Brookes University, a que está estreitamente associada. Apresenta anualmente duas programações de eventos musicais, no Outono e na Primavera, sendo nesta última, em curso desde Março, que se apresenta o projecto Circuits, assente «em estratégias de cooperação e de intercâmbio», no dizer de Paula de Castro Guimarães, directora da Miso Music Portugal.A primeira apresentação pública deste projecto corporizado pelo Miso Ensemble e pelo Smith Quartet foi em 2006 no Festival L\'Itinéraire II de Nuit, em Paris, a que se seguiram no mesmo ano concertos no Jauna Muzika Festival, em Vilnius (Lituânia), e no Centro de Arte Contemporânea Reina Sofia, em Madrid. Em 2007, estiveram no festival Sonorities, em Belfast (Irlanda do Norte), organizado pelo Sonic Arts Research Centre (SARC), e logo a seguir no Project Arts Centre, em Dublin.
A escolha do Smith Quartet como parceiro do Circuits é uma consequência natural de um dos principais financiadores do projecto ser o British Council, que vê o agrupamento britânico como um dos ensembles musicais contemporâneos de maior protagonismo.
Numa sinopse sobre o Itinerário do Sal, aliás O Ar do Texto Opera a Forma do Som Interior, da responsabilidade da Miso Music Portugal, a ópera electro-acústica de Miguel Azguime é descrita como a «a concretização de um trabalho de criação sobre a escrita» musical, poética e gestual do «músico/actor e da sua própria imagem, onde a voz é o prolongamento do corpo e do pensamento do poeta».