José Maria Vieira Mendes, primeiro vencedor do Prémio de dramaturgia ‘António José da Silva’, instituído em 2006, é o nome indicado pelo Instituto Camões (IC) para presidir ao júri da parte nacional da edição de 2010 deste concurso luso-brasileiro, realizado em parceria com a Fundação Nacional das Artes (Funarte) do Brasil.
O júri nacional de selecção, em que são apurados os quatro textos dramatúrgicos concorrentes à fase final do Prémio (2ª fase), juntamente com quatro textos apurados pela parte brasileira, é ainda integrado pelos professores universitários José Louro (Universidade do Algarve) e Anabela Mendes (Faculdade de Letras de Lisboa), indicados, respectivamente, pela Direcção-Geral das Artes (DGA) e pelo Teatro Nacional D. Maria II (TNDMII), entidades que também são parceiras do concurso. No Brasil, a comissão de selecção é toda ela indicada pela Funarte.
Segundo o regulamento do Prémio, ao IC cabe designar o presidente do júri nacional de selecção, tendo a escolha recaído sobre José Maria Vieira Mendes, que foi o vencedor da 1ª edição do Prémio, em 2007, com a peça A Minha Mulher, posta em cena pelo TNDMII com encenação de Solveig Nordlund.
A 2ª edição, em 2008, foi ganha por Fábio Mendes (Brasil), com o texto The Cachorro Manco Show, e a 3ª edição, em 2009, pelo dramaturgo português Abel Neves, com a peça Jardim Suspenso.
O Prémio Luso-Brasileiro de dramaturgia ‘António José da Silva’ tem o valor monetário de 15.000€. A atribuição do Prémio implica, ainda, a edição da obra premiada em Portugal e no Brasil, sendo esta iniciativa da competência do IC e da Funarte. O texto vencedor será representado em Portugal e no Brasil, numa parceria estabelecida entre a Funarte, DGA e TNDMII.
O regulamento estabelece que os oito textos apurados na 1ª fase são apreciados numa 2ª fase por um júri comum aos dois países que determinará o vencedor. A reunião deste júri, que é presidido alternadamente por um brasileiro e por um português com direito a voto de qualidade (em caso de empate), tem tido lugar por meio de videoconferência realizada entre Portugal e o Brasil. Na edição de 2010, o presidente do júri é indicado pelo Brasil.
Criado no âmbito de um protocolo de parceria entre as diversas entidades envolvidas, o prémio pretende «incentivar a escrita dramática em todos os seus géneros (teatro para adultos, teatro para a infância e juventude, etc.) e o aparecimento de novos dramaturgos de língua portuguesa, reforçando as parcerias de desenvolvimento e cooperação cultural entre Portugal e o Brasil».
Curricula Júri
José Maria Vieira Mendes
Nascido em 1976, José Maria Vieira Mendes dedica-se à escrita e à tradução para teatro. Escreveu “Dois Homens”, “Morrer”, “Crime e Castigo”, “Lá Ao Fundo o Rio e Chão”, “T1”, “Duas Páginas”(2007), “O Avarento ou A Última Festa – Comédia em Cinco Actos” (2007) ou as peças curtas “Proposta Concreta” (2005), “Intervalo” (2006) e “Domingo” (2007). Traduziu “À Espera de Godot” de Samuel Beckett, três peças curtas de Duncan McLean (com Clara Riso), “Vai Vir Alguém” de Jon Fosse (com Solveig Nordlund), “Comemoração” de Harold Pinter e “Filoctetes” de Heiner Muller, sendo um dos responsáveis pela nova edição portuguesa do Teatro de Bertolt Brecht nos Livros Cotovia. O seu trabalho no teatro está desde sempre e de vários modos ligado aos Artistas Unidos e também, mais recentemente, ao Teatro Praga. Em 2000, frequentou a International Summer Residency do Royal Court Theatre de Londres e esteve, em 2005, em Berlim, com uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian. Foi distinguido com o Prémio Revelação Ribeiro da Fonte 2000 do Instituto Português das Artes do Espectáculo, Prémio ACARTE/Maria Madalena Azeredo Perdigão 2000 da Fundação Calouste Gulbenkian, Prémio Casa da Imprensa de 2005 para a área de Teatro, e Prémio Luso-Brasileiro de Dramaturgia António José da Silva 2006, pela peça “A Minha Mulher”. A sua obra, mais especificamente a peça “T1”, foi traduzida para inglês, francês, italiano, espanhol, polaco, norueguês e alemão. “A Minha Mulher” conhece tradução em inglês, sueco, francês, eslovaco e italiano. Obras suas foram já representadas, recentemente, na Alemanha (Berlim) e na Suécia (Estocolmo). Algumas das suas peças encontram-se publicadas na colecção Livrinhos de Teatro dos Artistas Unidos/Livros Cotovia, casos de “T1”, “Se o mundo não fosse assim”, “A minha mulher” e “Onde vamos morar”.
José Louro
Nasceu em1933 tendo-se dedicado ao longo de 36 anos à actividade pedagógica letiva em Filosofia, Inglês e Português, no ensino particular. Relativamente à componente artística integrou a Direção do Grupo de Teatro da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e o grupo de poesia Jograis de Hoje. Fundador, ator e encenador de um grupo de Teatro de Angra do Heroísmo, colaborou também com do Grupo de Teatro Lethes de Faro. Realizou a gravação de um disco Long-palay dedicado à poesia de Fernando Pessoa e seus heterónimos.
Anabela Mendes
Anabela Mendes (1951) é germanista e professora doutorada do Departamento de Estudos Germanísticos na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Integra a equipa de investigadores do Centro de Investigação de Comunicação e Cultura (CECC) da Universidade Católica Portuguesa. Investiga e lecciona sobre Literatura de Expressão Alemã (séc. XVII até à contemporaneidade), Cultura Alemã, Estética e Filosofia da Arte, Literatura de Viagens, Ciência e Literatura, Teoria e Estética do Teatro, Sociologia das Artes do Espectáculo. Participa regularmente em colóquios nacionais e internacionais, tendo co-organizado ou organizado, entre 2005 e 2010, diversos encontros científicos em Lisboa, Berlim e Goa. Mantém actividade regular na área da tradução e escrita para teatro, dramaturgia e encenação.