O Instituto Português do Oriente (IPOR), com sede em Macau, vai coordenar a política cultural e da língua de Portugal na China e em duas regiões adjacentes, constituídas pelos países da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) e pelo binómio Japão/Coreia do Sul.
A intenção está expressa num documento de orientação estratégica do Instituto Camões (IC), apresentado pela Presidente do IC, Ana Paula Laborinho, na Assembleia-geral do IPOR, realizada a 12 de Julho na Região Administrativa Especial de Macau (RAEM).
O documento define para toda a Ásia três «pontos de coordenação, que têm, como pólos irradiadores, dialogantes e articulados», as posições da rede do IC em Timor-Leste, na Índia e na China.
A escolha destes dois últimos pólos é explicada pela «crescente afirmação da Índia e da China como gigantes económicos que apostam em I&D», o que justifica a sua eleição como objectivo prioritário de uma política cultural externa na região, à semelhança, aliás, como é dito no documento, do que fizeram países como a Espanha, «que em 2000 elegeu a Ásia como objectivo de política cultural externa para a década».
A opção por coordenações regionais para a execução de uma política cultural, «a partir de pontos existentes e, desejavelmente, articulados entre si», é, no dizer do documento, resultado da extensão geográfica da zona do globo em causa, mas também da «identificação de problemas comuns ou afins».
Quanto ao IPOR, o documento de orientação estratégica diz ser «entender do Instituto Camões que a acção externa nos domínios da língua e da cultura portuguesas ganhariam com a reutilização do modelo» que esteve na sua origem, não só pela distância de Portugal, mas também pelo «aproveitamento das sinergias assentes em proximidades culturais e, sobretudo, em condições materiais e simbólicas instituídas em Macau».
Historiando a evolução institucional do IPOR, em que o IC detém uma posição maioritária (51%), sendo o restante capital pertença da Fundação Oriente (44%) e de um conjunto de empresas portuguesas, o documento afirma que, «com a reformulação dos estatutos ocorrida em Maio de 2009», aquele instituto «restringiu a sua actuação a Macau e apenas ao domínio da língua», passando o Estado Português, através do IC, a «assegurar sozinho os encargos financeiros relativos às estruturas existentes nos países do Sudeste Asiático, China, Coreia do Sul e Japão, antes partilhados».
Ora, no entender do IC, com essa mudança não foi encontrado «um modelo que pudesse beneficiar da posição estratégica do IPOR, bem como dos seus recursos humanos e materiais (ocupa um piso do edifício do Consulado-Geral de Portugal em Macau e é detentor do espaço onde está instalada a Livraria Portuguesa)».
Acresce, segundo o documento, «a crescente importância que Macau vem adquirindo como plataforma regional de diálogo com os espaços da lusofonia», em consonância com as directivas do governo central chinês, o que pode fazer beneficiar «o IPOR, ou idêntico modelo», da «cooperação com instituições locais» de Macau – onde o português é língua oficial até 2049 – na formação de professores, na oferta de cursos extracurriculares e para fins específicos e na promoção de actividades culturais complementares do ensino da língua, «potenciando os meios materiais e humanos actualmente subaproveitados».