Uma exposição de 14 litografias do pintor equatoriano Oswaldo Guayasamín está patente ao público entre 17 e 29 de maio, na sede do Instituto Camões, na Av. da Liberdade, 270 (junto ao marquês de Pombal), em Lisboa. A obra de Guayasamín, identificada como expressionista, reflete a dor e a miséria que assolam grande parte da humanidade e denuncia a violência em que vive o ser humano no século XX marcado por guerras mundiais, guerras civis, genocídios, campos de concentração, ditaduras e tortura.
Oswaldo Guayasamín nasceu em Quito, capital do Equador, a 6 de julho de 1919, de pai indiano e mãe mestiça. A família vivia na pobreza, sendo Oswaldo foi o primeiro de dez filhos.
Os seus dotes artísticos despertaram cedo e em 1932, apesar da oposição de seu pai, ingressou na Escola de Belas Artes de Quito. É o tempo da "guerra dos quatro dias," uma revolta dos trabalhadores. Durante uma manifestação morre um grande amigo seu. Este acontecimento, que mais tarde inspirou a sua obra "As crianças mortas", marca sua visão das pessoas e da sociedade.
Em 1941 obteve o diploma em pintura e escultura.
Em 1942 expôs pela primeira vez num salão privado em Quito, causando um escândalo. A crítica considera que a sua pintura entra em confronto com a da exposição oficial da Escola de Belas Artes.
Em 1976 cria a Fundação Guayasamín, em Quito, à qual oferece a sua obra e as suas coleções de arte, praticando o que defendia – que a arte é património dos povos.
Morreu a 10 de março de 1999, aos 79 anos, em Baltimore nos EUA.
Guayasamín era amigo pessoal dos mais importantes intelectuais e estadistas do mundo progressista, e retratou alguns deles, como Fidel Castro, Raúl Castro, François e Danielle Mitterrand, Gabriel Garcia Márquez, Pablo Neruda, Rigoberta Menchu, entre outros.
Expôs em museus de todas as capitais da América e em cidades de muitos países europeus, como em Leningrado (L'Ermitage), Moscovo, Praga, Roma, Madrid, Barcelona e Varsóvia.
Realizou cerca de 180 exposições individuais, tendo produzido abundantemente pinturas, murais, esculturas e monumentos. Há murais de sua autoria em Quito (Palácios do Governo e Legislativo, Universidade Central, Conselho Provincial), Madrid (Barajas), Paris (Sede da UNESCO); São Paulo (Parlamento Latino-Americano). Entre os monumentos que produziu destacam-se "The Nation Young" (Guayaquil, Equador), "The Resistance" (Rumiñahui), em Quito.
Recebeu inúmeros prémios e condecorações oficiais no seu país e no estrangeiro referentes à sua arte, mas também relativos à sua atividade enquanto cidadão, dos quais destacamos, em 1991 a Ordem do "Condor dos Andes", a mais alta condecoração na Bolívia, em 1994 o prémio "para uma vida inteira de trabalho pela paz" da UNESCO, tendo sido nesse mesmo ano designado como embaixador itinerante pela UNICEF.