V Mostra Portuguesa

Começo pelo seguinte: a «Mostra Portuguesa» é o maior evento cultural do nosso País que se realiza anualmente no exterior. Chega no Outono a Madrid (este ano entre 30 de Outubro e 19 de Novembro) mas prolonga-se em itinerância por várias cidades de Espanha. Inclui Música (do Fado ao Jazz, da música de pesquisa à popular e à étnica), Artes Plásticas, Cinema, Literatura, Pensamento, Universidades, Gastronomia, etc.

Número 120 ·  19 de Dezembro de 2007 ·  Suplemento do JL n.º 971, ano XXVII

V Mostra PortuguesaEm 2006 tínhamos estado não só na capital, mas nas cidades galegas de Santiago de Compostela, Vigo e Corunha, e ainda em Saragoça e Cáceres; em 2007 a elas regressámos e fomos a Barcelona, a Badajoz, a Alcalá de Henares e a Segóvia (em 2008 iremos, está prometido, até às Astúrias).

Esta 5.ª edição tem de considerar-se excepcional, tanto pelo número e pela qualidade dos eventos incluídos no programa, como pela fortuna e pela circunstância de termos podido contar com um conjunto deveras incomum de exposições, num só ano. Desde logo, a retrospectiva de Paula Rego no Museu Rainha Sofia de Madrid (a principal montra de arte moderna e contemporânea da Espanha); a colecção do Museu do Chiado na Fundação Carlos Ambères (vinda de Salamanca e a viajar por estes dias até Badajoz, de onde recolherá a Lisboa); a antológica de azulejos portugueses (séc. XVI-XXI), «Tapices Cerámicos de Portugal» que se mostra em Madrid na Real Fábrica de Tapices, a expensas do Ministério da Cultura; e duas individuais dos jovens Jorge Santos e Joana Villaverde que tivemos o gosto de apoiar. 

Paula Rego
Paula Rego
O ciclo no Cine Bellas Artes propiciou-nos a estreia em Madrid de Fados de Carlos Saura; mas também esteve Teresa Villaverde a apresentar Transe (depois no Festival de Cine Europeo de Segóvia). Exibiram-se filmes de Manoel de Oliveira (Belle Toujours), Joaquim Leitão (20.13), Jorge Paixão da Costa (O Mistério da Estrada de Sintra), Mário Barroso (O Milagre Segundo Salomé) e Jorge Queiroga (Atrás das Nuvens), todos eles em estreia madrilena. 

Escritores, vieram Mário de Carvalho, Luísa Costa Gomes, Possidónio Cachapa e José Luís Peixoto (os dois últimos a lançar traduções de livros seus); em Barcelona, estiveram, além de Peixoto, Maria Teresa Horta, Ana Marques Gastão e Helga Moreira, em diálogo com escritoras espanholas. A colaboração com as Universidades Autónomas de Madrid e Barcelona e a Casa das Línguas Ibéricas (Alcalá de Henares) trouxe-nos jornadas de Pensamento (Pensar Portugal), teatro de marionetas (Auto da Barca do Inferno, encontro literário (Intertextualidades Poéticas) e uma muito apreciada noite de Fados.

Camané e Mariza
Camané e Mariza
Como é de ver, a Música pontificou, uma vez mais, nesta «Mostra», com os concertos de Mariza, Carlos do Carmo, Camané e Miguel Poveda (Teatro Albéniz); Rão Kyao (Bellas Artes), Mário Laginha e Bernardo Sassetti (Conde Duque) e os A Naifa (Galileo), com lotações esgotadas. Em Madrid, Valladolid e Galiza, o Fado foi apoteótico. Contas feitas (por enquanto provisórias), somando a Música às exposições de Artes Plásticas, e estas aos demais actos programados (entre 30 e 40), largos milhares de espanhóis marcaram e marcarão encontro com a cultura portuguesa até ao fim do ano corrente. Promovida pelo IC, esta Mostra contou com a colaboração de diversas entidades portuguesas (Ministério da Cultura, Tap Portugal, Pousadas de Portugal), e espanholas (Presidência do Governo, Ministérios da Cultura e Assuntos Exteriores, Xunta de Galicia, Municípios de Madrid e Saragoça e Caja Duero).

 

João de Melo

Conselheiro Cultural da Embaixada de Portugal em Espanha