O primeiro relatório do estudo sobre o Valor Económico da Língua Portuguesa, encomendado em 2007 pelo Instituto Camões ao Instituto Superior de Ciências do Trabalho e Empresa (ISCTE), deverá ser divulgado até final de 2008.
Número 132 · 19 de Novembro de 2008 · Suplemento do JL n.º 995, ano XXVIII
Faseado em dois anos, no relatório do seu primeiro ano, o estudo focará «o valor económico directo da Língua Portuguesa, com incidência fundamental nas ‘indústrias da língua\'», segundo o memorando do projecto.
A equipa que está a efectuar o estudo é dirigida pelo Presidente do ISCTE, Luís Reto, e pelos professores e investigadores Rosa Perez, António Firmino da Costa, José Paulo Esperança, Fernando Luís Machado e Mohamed Azzim Gulamhussen.
Neste primeiro ano, «serão examinadas actividades como o ensino do Português, a tradução e a legendagem, sectores como o da edição, da música, do audiovisual e das comunicações, novas realidades como as da internet ou dos call centers que utilizam a Língua Portuguesa», indica o memorando.
Para além da elaboração de um modelo de análise e da «recolha de informação documental pertinente», o estudo contemplou a realização de «entrevistas a peritos e actores-chave», a manutenção de contactos com países da CPLP e a condução de «um inquérito por questionário a alunos dos leitorados de Português da rede do Instituto Camões».
O segundo ano do projecto, 2009, «concentrar-se-á, complementarmente ao anterior, no estudo do valor económico indirecto da Língua Portuguesa», afirma o memorando.
«Numa perspectiva alargada, a análise incluirá vectores como o turismo, os fluxos migratórios e as comunidades migrantes no espaço linguístico do Português, o comércio e o investimento na rede linguística do Português, ou o Português nos organismos internacionais».
O memorando deixa em aberto a possibilidade de, num 3º ano, se tentar estabelecer uma «análise do conhecimento do Português e do valor socialmente atribuído no mundo à Língua Portuguesa», que deverá procurar o financiamento de instituições e empresas privadas interessadas no «desenvolvimento de uma estratégia de afirmação do Português no mundo».
Para tal, o estudo desenvolveria «um inquérito de grande amplitude a amostras representativas das populações de 20 a 25 países, criteriosamente seleccionados dentro de clusters internacionais relevantes de diversas regiões do globo».
Integrando os resultados das fases anteriores, seria possível, segundo os investigadores do ISCTE, «obter uma análise do potencial económico e estratégico da Língua Portuguesa a nível global».