LÃngua Portuguesa na Roménia
Número 142 · 26 de Agosto de 2009 · Suplemento do JL n.º 1015, ano XXIX
«As motivações são as mais variadas que se podem imaginar», diz
Foto Viosan CC |
«Tivemos nestes últimos anos um crescimento espantoso do número de alunos a nÃvel universitário e espantoso é também o número de pessoas exteriores à universidade que procuram cursos livres de português», afirma esta licenciada em LÃnguas e Literaturas Modernas, variante de Estudos Portugueses, pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, actualmente a terminar o Mestrado
As razões para que um número bastante apreciável de jovens romenos aprenda a lÃngua e a cultura portuguesa oscilam desde motivações prosaicas até à percepção de que é possÃvel «usar – no final da licenciatura – o português como lÃngua de trabalho», diz a leitora, que acrescenta: «penso que esta motivação surge e vai ganhando corpo ao longo da licenciatura».
Até porque, segundo diz, «existe, de facto, na Roménia a possibilidade de encontrar empregos em que o português é lÃngua de trabalho». «Refiro-me, por exemplo, aos diversos centros (call centers) de empresas como HP ou Oracle, que precisam de funcionários/técnicos para as funções de atendimento a clientes que ligam de Portugal e do Brasil, mas sobretudo refiro-me à s numerosas empresas portuguesas existentes na Roménia (estima-se que são mais de 300) que recrutam secretárias, tradutoras/es e intérpretes». E existem, ainda, as escolas de lÃnguas que procuram com frequência professores, para além dos gabinetes de tradução técnica e as editoras que procuram também frequentemente tradutores de literatura.
Outras razões serão menos ‘práticas’, mas não menos motivadoras, como seja «a vontade de aprender uma lÃngua latina diferente das habituais (espanhol, italiano e francês)» ou o desejo dos jovens de se «aproximarem do exotismo que o Brasil representa», uma vez que «a cultura brasileira – através das telenovelas e da música – é muito acarinhada pela comunidade romena em geral», explica a leitora. Mesmo quando o Departamento de Português inserido na Cátedra de LinguÃstica Românica, LÃnguas e Literaturas Ibero-românicas da Faculdade de LÃnguas e Literaturas Estrangeiras da Universidade de Bucareste não tem a variante de Português do Brasil. Estes jovens, ao depararem-se apenas com o Português Europeu no inÃcio dos seus estudos, «ou apaixonam-se por Portugal», pela sua cultura e literatura ou sentem alguma frustração «por não encontrarem a sonoridade e a musicalidade dos falantes brasileiros». «A primeira reacção é, porém e felizmente, a mais comum!», sublinha a leitora,
Outros jovens ainda estudam Português para compreender o fado «de perto». «O fado é bastante conhecido na Roménia», explica PatrÃcia Ferreira. «Tive alunos cujos pais, por exemplo, são admiradores de Amália Rodrigues – que esteve uma vez na Roménia – e, por isso, incentivaram-nos para a aprendizagem do português».
Mas há outras motivações: «atracção pelo paÃs que ficava do outro lado do império romano», «estudar mais uma lÃngua latina», «vontade de aprender a lÃngua do paÃs onde alguns membros da famÃlia e amigos residem» ou tão simplesmente porque ouviram e gostaram da sonoridade da lÃngua e até por… «acaso».
Em 2008/09, 439 alunos estudaram Português na Universidade de Bucareste – um pouco mais de metade dos 844 alunos que frequentaram aulas de LÃngua Portuguesa em diversos nÃveis do ensino oficial no ano lectivo passado. Ao todo, são sete os estabelecimentos de ensino romenos onde é possÃvel estudar Português: quatro universidades (Bucareste, Constança, Babes-Bolyai [em Cluj-Napoca] e Alexandru [em Iasi]) e três liceus (Eugen Lovinescu, Mihai-Eminescu, George Galinescu).
Em 2009/10, o Português começará também a ser ensinado na Universidade de Timisoara, graças a um protocolo assinado com o Instituto Camões, o que significa que a LÃngua Portuguesa, a partir do próximo ano lectivo, será estudada em todas as principais universidades da Roménia, enfatiza PatrÃcia Ferreira.
As licenciaturas em lÃngua e cultura portuguesa existem nas universidades de Bucareste e Constança, que possuem também centros de lÃngua portuguesa do IC. Nas restantes universidades, a lÃngua e a cultura portuguesa constituem cursos livres.
Em Bucareste, o Português é estudado em duas licenciaturas, uma como lÃngua A (1ª escolha, ou seja, lÃngua de especialidade e, portanto, com mais horas de aulas) outra como lÃngua B (segunda especialidade). Para LÃngua A, as infindáveis combinações vão do Português-Espanhol ao Português-Búlgaro ou Português-Hindi; como LÃngua B é ao contrário. O Português estuda-se ainda como lÃngua C, ou seja, opcional para alunos que estudam Tradução-interpretação (STIT); Estudos Europeus ou LÃnguas Modernas Aplicadas (LMA). Em Constança só se estuda Português como lÃngua B e C.ÂÂ
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