A fotografia está na moda. E percebe-se bem porquê. De prática quase artesanal, a fotografia (e o seu «alter ego», o vídeo) democratizou-se com a entrada na era digital. As artes plásticas contemporâneas não escaparam a esta deriva. Há mesmo quem diga que elas são hoje em dia «indistinguíveis» da fotografia enquanto arte.
Número 131 · 22 de Outubro de 2008 · Suplemento do JL n.º 993, ano XXVII
Na VI Mostra Portuguesa, três de sete eventos expositivos têm a fotografia como seu modo principal. A começar por um dos seus mais antigos e importantes praticantes em Portugal, a artista plástica Helena Almeida, que apresenta uma antológica na Fundação Telefónica, entre 19 de Novembro e 18 de Janeiro de 2009 (v. texto abaixo).
Outra exposição em que a fotografia comanda é a de Edgar Martins (n. 1977), um dos mais destacados jovens artistas contemporâneos portugueses, seleccionado em Setembro juntamente com André Gomes e Luís Palma para concorrer à 5ª edição do BES Photo, o mais importante prémio da área da fotografia em Portugal. Topologias, a exposição que é também o nome de um álbum fotográfico, chegou a 23 de Outubro à galeria Elba Benítez de Madrid, onde permanecerá até 20 de Dezembro.
A fotografia é também o meio natural da exposição 21 Projectos do Século XXI, sobre a arquitectura portuguesa contemporânea, concebida pelo professor José Manuel Fernandes para o Pavilhão de Portugal na Expo 2008 de Saragoça e agora reposta a partir de 27 de Outubro e até 7 de Novembro nas instalações do Colégio Oficial de Arquitectos de Madrid.
Num registo diferente estão as exposições de Carlos Bunga (Yuxtaposiciones) e Albuquerque Mendes, este último associado ao artista plástico brasileiro Nelson Leirner (Camino de Santos). A exposição de Bunga (Galeria Elba Benítez, até 17 de Novembro) surge como «uma reflexão sobre a débil fronteira que separa as diferentes disciplinas artísticas» - pintura, desenho, escultura, instalações. Já a exposição Albuquerque/Leirner, a primeira resultante da colaboração entre os dois artistas plásticos, patente na Casa de América até 30 de Novembro, traduz-se «num projecto de grande magnitude com figuras em miniatura, barcos de madeira e retratos de santos que questionam os sentidos». Particularmente contundente é a procissão/manifestação com figuras em miniatura (na foto), símbolo dessa subversão profana do sagrado.
Por fim, duas exposições dão conta do estado da BD em Portugal. Artistas portugueses participam no Matadero de Madrid na Bienal Iberoamericana de Desenho, enquanto Richard Câmara, um «artista visual» residente em Madrid apresenta Pessoa POPular na Universidade Autónoma e depois na Universidade de Alcalá de Henares. A exposição de Richard Câmara, que já esteve patente em Junho na Casa Fernando Pessoa, é uma curiosa experiência de ilustração cartoonistíca das esquecidas quadras de sabor popular do poeta.