Simonetta Luz Afonso
Os indicadores na posse do Instituto Camões mostram "uma nova procura de aprendizagem da Língua Portuguesa a nível de universidades", declarou a presidente do IC, Simonetta Luz Afonso, no tradicional colóquio que reúne os diplomatas portugueses colocados no exterior no início de cada ano no Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Número 122 · 13 de Fevereiro de 2008 · Suplemento do JL n.º 975, ano XXVII
Esse interesse acrescido traduziu-se, do lado do Instituto Camões, por um acentuado aumento da sua presença no exterior desde 2004, em 3 anos lectivos, no contexto dos programas de aprendizagem da Língua Portuguesa, revelou a Presidente do IC.
O número de instituições universitárias e organismos com programas de cooperação com o IC saltou de 120 para 230 (+91,7%), o de professores da Rede do IC de 127 para 389 (+206%) e o de estudantes e aprendentes de 25 mil para 80 mil (+220%).
A procura da Língua Portuguesa centra-se em cursos especializados, como Economia, Direito, Ciência Política, Jornalismo, Medicina, Engenharia e Relações Internacionais, a par da clássica aprendizagem em Filologia, adiantou a responsável institucional máxima pela difusão da Língua e Cultura Portuguesas no estrangeiro, que destacou o facto de serem daí que "sairão os futuros quadros mundiais e fazedores de opinião (opinion leaders) mundiais".
Sublinhando o actual dinamismo económico dos países de expressão oficial portuguesa, Simonetta Luz Afonso evocou o interesse na aprendizagem da Língua Portuguesa por parte de "Organizações Internacionais, Associações e Instituições em grandes sectores estatais, estas últimas nomeadamente na zona do Magreb", interesse esse a que o Instituto Camões tem dado resposta.
O IC desenvolve projectos de formação de tradutores e intérpretes com a União Africana, a Comunidade Económica para o Desenvolvimento da África Austral (a partir de 2008), a Comunidade Económica para o Desenvolvimento da África Ocidental (CEDEAO), o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) na América Latina e coopera com o Parlamento Sul-Africano e o Banco Africano de Desenvolvimento.
O IC tem vindo também a "desenvolver e veicular instrumentos de ensino para os novos públicos, mais abrangentes, do século XXI", com relevo para os "cursos de português a distância, com tutoria personalizada e certificação", bem como "a construção e disponibilização na Internet de Léxicos Técnicos em áreas como a Banca, Comércio e Direito Internacional e Comercial, Economia e Gestão de Empresas, Seguros, Energia e Ambiente, Novas Tecnologias e Comunicações".
A actividade do Instituto Camões tem-se igualmente estendido à formação, "quer em regime e-learning quer b-learning, quer na área do ensino da Língua Portuguesa como Língua Segunda e como Língua Estrangeira quer na área da Cultura Portuguesa Contemporânea, desde a dramaturgia contemporânea e do teatro à poesia contemporânea e ao design, passando pela arquitectura, pintura, música, dança (e incluindo a moda!)". Esta oferta, frisou a Presidente do IC, irá ser ampliada no presente ano.
À formação contínua de Professores de Português em exercício do Ensino Secundário em África, quer como Língua Segunda quer como Língua Estrangeira, dá o IC "especial atenção", desenvolvendo parcerias com instituições universitárias locais.
"Existem projectos de formação de professores em Cabo Verde - abrangendo todas as ilhas, com 33 Escolas-Centros -, Guiné Bissau - abrangendo todo o país, com 11 Centros de Formação -, e Moçambique - abrangendo 6 Centros de Formação nas 11 províncias moçambicanas". Estes 3 projectos, indicou Simonetta Luz Afonso, envolvem, para além de 5 Leitores do IC, 62 professores-formadores daqueles 3 países co-financiados pelo IC, e 1.722 professores-formandos, beneficiando indirectamente 340.400 alunos.
No plano cultural stricto sensu, Simonetta Luz Afonso explicou que o Instituto "aposta em três abordagens estruturantes para o desenvolvimento da acção cultural realizada pela rede diplomática e consular, pelos Centros Culturais e Rede de Docência / Centros de Língua Portuguesa", a saber, continuidade, proximidade e contemporaneidade.
Pela continuidade e proximidade, O IC pretende que Portugal dispute "um lugar fixo nas agendas de eventos artísticos dos países de acolhimento", ao mesmo tempo que pleiteia "espaços públicos de prestígio", a exemplo do que sucede com a Mostra Portuguesa, evento de carácter interdisciplinar, que, da agenda de Madrid "se estendeu já a inúmeras cidades e capitais de regiões do país".
A política de contemporaneidade visa, no dizer da Presidente da IC, obter "a comparência regular da Arte Portuguesa, seja cénica, plástica ou outra, em grandes eventos internacionais", que em última análise sejam contributos a "renovação duma imagem não apenas da criatividade, mas de Portugal".
"Para este efeito, o IC promove, trimestralmente, apoio à participação de projectos e de criadores nacionais em Bienais, Festivais e outros certames, mediante a análise das candidaturas em presença, tendo no ano findo sido apoiado ¼ das propostas apresentadas a concursos, destacando-se por importância as seguintes áreas: dança, artes visuais, cinema, teatro e a música".
"Em paralelo, a actividade de edição e tradução merece especial realce, alargando-se cada vez mais o espectro da publicação em línguas de novos parceiros da União Europeia".