Cursos de Intercompreensão
Numa altura em que o multilinguismo é a política oficial da União Europeia e em que um grupo de sábios propôs em Janeiro último que cada europeu «adopte» uma língua, para além da língua identitária e da língua de comunicação internacional que usa, o Curso de Intercompreensão que o Instituto Camões pretende lançar em 2008/2009 visa possibilitar aos seus alunos acederem à compreensão de outras línguas românicas - no caso o Português, o Francês e o Espanhol - a partir de uma delas.
Número 124 · 9 de Abril de 2008 · Suplemento do JL n.º 979, ano XXVIII
Não é objectivo do curso pô-los a falar ou escrever os outros idiomas, segundo declara a coordenadora do Curso, a professora Maria Antónia Mota, mas apenas torná-los competentes na leitura e compreensão de outras línguas, através de uma «abordagem directa», isto é, de uma «tradução informal» de textos de actualidade, extraídos de jornais e revistas e colocados em linha sob a forma de unidades.
A intervenção do corpo de monitores, na sua maioria docentes universitários com formação específica na área, far-se-á a pedido do aluno ou quando o próprio monitor detectar «interpretações erróneas».
As experiências feitas até agora envolveram falantes nativos de uma das línguas do grupo em estudo, mas «não está excluído» que um falante nativo de uma língua exterior ao grupo possa aceder à compreensão das três línguas a partir do conhecimento de uma delas ou mesmo, sem esse conhecimento, «de uma forma intuitiva».
Este processo será facilitado na medida em que o público-alvo do curso será constituído por adolescentes ou jovens adultos «com uma cultura média e ao corrente dos factos mais genéricos da sociedade», o que facilita o acesso aos conteúdos extraídos de jornais e revistas.
Em última análise visa-se que munido da compreensão das três línguas, o aluno se sinta tentado a passar a uma outra fase de aprendizagem também escrita e falada de uma das línguas a que já acedeu.