Os dois artistas vencedores do programa de intercâmbio artístico em dança Lisboa-Mindelo 2022, criado ao abrigo do Protocolo de Cooperação entre a Câmara Municipal de Lisboa (CML) e o Camões - Instituto da Cooperação e da Língua, I.P., trocaram de país durante o mês de outubro.
A bailarina portuguesa Catarina Rosa rumou ao Mindelo, Cabo Verde, e o bailarino cabo-verdiano Gilson Costa a Lisboa, Portugal, onde aprenderam e ensinaram vários domínios da dança e, sobretudo, a forma como esta se vive nos dois países, num intercâmbio que chegou ao fim no dia 31 de outubro de 2022.
Para Catarina Rosa, bailarina e professora de dança desde 2012, uma das mais-valias desta experiência foi poder “explorar a aula fora do palco”.
Na oficina que criou no Mindelo, no âmbito deste intercâmbio, apostou em exercícios que revelam “como o corpo interage com o meio”, neste caso a praia, no mar, as rochas, tão presentes na ilha.
As características naturais de Cabo Verde permitiram-lhe ainda aprimorar algo que está muito presente na dança de Catarina Rosa, bióloga de formação: a natureza e os animais.
A bailarina, de 29 anos, encontrou ainda na ilha de Santo Antão, a mais exuberante em termos naturais, semelhanças com a aldeia na Serra da Estrela onde viveu recentemente.
“A vida das pessoas difere muito, conforme o ambiente onde vivem”, disse, indicando que de tudo isso a dança também trata.
Coreógrafa e intérprete de solos por toda a Europa, Catarina Rosa é membro fundadora da companhia Orchidaceae, que conta com a direção artística de Piny (Anaísa Lopes), desde 2012.
Gilson Costa, também com 29 anos, irá relatar a sua experiência em Lisboa numa peça de bailado que intitulou de “Matamorfozi”, a qual será apresentada em Cabo Verde, seguramente com muitas memórias da capital portuguesa.
Bailarino e intérprete, Gilson Costa participou no projeto de dança tradicional “Badju Kabu Kaba” ('a dança não acaba', em crioulo). Tem formação profissional através da participação no laboratório intensivo de pesquisa de movimento e técnicas de dança tradicional e contemporânea, com o coreógrafo Nuno Barreto, e no laboratório de pesquisa e investigação para a criação do solo “Metamorfozi”.
Em Lisboa, que não conhecia, encontrou “uma cidade muito rica em cultura e arte” e garante que tirou grande partido da forma como os bailarinos trabalham e criam as peças, “muito diferente" do que se faz em Cabo Verde.
O artista sublinha a forma como foi “super bem acolhido” na residência da CML, nomeadamente pelos elementos do polo cultural Gaivotas, que oferece aos artistas instalações preparadas para criarem e ensaiarem os seus projetos na área das artes performativas.
Foi neste espaço que o bailarino cabo-verdiano ensaiou a peça “Metamorfozi”, a qual “tem como base o processo de vida da borboleta, retratando a vida do ser humano, que passa por várias fases e mudanças”.
“Aprendi e dei o meu máximo”, disse à Lusa, destacando a importância do contacto com os elementos da Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo.
Criado ao abrigo do Protocolo de Cooperação celebrado entre a CML e o Camões, I.P., o programa de incentivo à criação artística e de aposta na internacionalização da cultura destina-se a coreógrafos e/ou bailarinos de nacionalidade portuguesa e cabo-verdiana em início de carreira, e que pretendam desenvolver um projeto de criação artística na área da Dança.
Lusa
Fotos: Catarina Rosa por © Zak Zermati ; Gilson Costa por © Nuno Barreto