No dia 26 de outubro de 2024, o Leitorado do Camões - Instituto da Cooperação e da Língua, I.P. na Universidade Chulalongkorn e a Secção de Português organizaram uma visita de estudo à Embaixada de Portugal em Banguecoque e uma oficina de gastronomia portuguesa para as turmas de português daquela instituição.
Integrada no leque de atividades extracurriculares aprovadas e financiadas pelo Departamento de Línguas Ocidentais, esta atividade contou com a participação de estudantes das unidades curriculares de Português 1, 3, 4 e Tradução. Os estudantes de Português 3, 4 e Tradução apoiaram as suas professoras, Pralom Boonrussamee, e a Leitora do Camões, I.P., Maria Madureira, na realização desta edição.
A turma de Português 3 elaborou o jogo “Caça ao Tesouro” para os estudantes de Português 1, no qual constavam desafios em língua portuguesa que abordavam os seus conhecimentos, nomeadamente, as divisões da casa, mobiliário e eletrodomésticos, localização e direções, descrição de objetos, comida e bebidas.
A turma de Tradução encarregou-se de traduzir as receitas que integraram a oficina de gastronomia: rissóis de carne, bolinhos de bacalhau e serradura. A turma de Português 3 ficou responsável pela execução e demonstração, na cozinha da residência, das receitas. Além disso, e tendo em conta que esta turma, no semestre passado, numa outra oficina, aprendeu a fazer Porto Tónico, ensinou, desta feita, todos os restantes como preparar a bebida. As receitas elaboradas nesta oficina serviram ainda de prática para uma outra iniciativa que terá lugar em janeiro de 2025, no fim de semana de Portas Abertas da Universidade Chulalongkorn, na qual estes estudantes irão fazer e vender os petiscos portugueses que agora aprenderam.
A visita de estudo teve início na Chancelaria, momento em que os estudantes ficaram a conhecer ou relembraram factos marcantes sobre a história das relações históricas entre Portugal e a Tailândia e da presença portuguesa no Sião. À medida que o grupo circulava pelo jardim, sala do piano, sala de jantar e varanda, muitas questões foram sendo colocadas e curiosidades partilhadas.
Logo na entrada da residência, suscitou grande curiosidade a porta de madeira esculpida que remonta ao período de Ayutthaya e que se supõe ter pertencido a uma casa naquele local. Na porta estão esculpidos um soldado que se pensa português, por carregar uma arma, e um soldado tailandês. Tendo em conta que os portugueses quinhentistas, mercenários e soldados chegados a Ayutthaya, na altura capital da nação, se juntaram ao exército do Rei do Sião na guerra com a Birmânia, e a quem, também, os portugueses venderam armas de fogo, esta peça serve sempre para uma boa conversa. Ainda na entrada, foram apreciados os azulejos Viúva Lamego que revestem as paredes.
Na sala do piano, os quadros do artista tailandês Somboom Hormtientong foram motivo de admiração, aproveitando-se a ocasião para falar um pouco sobre o cavalo puro-sangue lusitano, o mais antigo cavalo de sela do mundo, visto que nos quadros estão representados um elefante e um cavalo, respetivamente símbolos da Tailândia e de Portugal, assim interpretados artisticamente pelo pintor. Estes quadros resultaram de uma comissão especial ao artista, após uma residência artística no Porto, e foram criados a propósito da celebração, em 2015, dos 500 anos da chegada dos portugueses ao Sião.
Após a visita ao interior da residência, foi altura de todos se dirigirem à cozinha e tomarem os seus postos para a oficina de gastronomia que culminou na degustação dos petiscos que os estudantes prepararam. Foi também nesta ocasião que os estudantes conheceram o Embaixador de Portugal na Tailândia, Luís de Albuquerque Veloso, que conversou animadamente com o grupo.
Esta atividade foi concluída no mural exterior da Embaixada de Portugal em Banguecoque, onde se encontra a peça Scratching the Surface, do artista urbano Vhils, criada em fevereiro de 2017, a convite desta Missão. Além do mural, também os painéis de azulejo Viúva Lamego, no corredor em direção ao Cais Siphraya, foram notados e apreciados.
Esta experiência proporcionada aos estudantes foi de importante relevância e espera-se continuar a sua organização, tendo em conta que estes jovens não só aumentaram o seu capital cultural, como se divertiram na descoberta de factos que ligam os dois países, através das atividades gamificadas em português e da execução de receitas portuguesas. Ao longo de toda a manhã, os estudantes puderam mergulhar na história das relações diplomáticas, e históricas, entre Portugal e a Tailândia e na presença portuguesa em Banguecoque.
Fotos: © Supitcha Norasing, Pitak e Maria Madureira