A primeira exposição monográfica em Berlim sobre a obra do arquiteto português Álvaro Siza Vieira poderá ser vista entre 6 de dezembro e 31 de janeiro de 2014, no Orangelab, um espaço central dedicado às artes e à cultura, localizado entre a Universidade das Artes e a Universidade Técnica de Berlim.
Da Linha ao Espaço é o título da exposição - com curadoria de Rudolf Finsterwalder e Wilfried Wang, que escreveram ensaios para o catálogo – patente na Ernst Reuter Platz, de Berlim, que conta com o patrocínio de diversas entidades alemães e o apoio do Camões, IP.
No sítio do Orangelab escreve-se que «Álvaro Siza é um dos arquitetos contemporâneos mais importantes da Europa, os seus trabalhos têm sido premiados em todo o mundo. Desde a década de 50, ele criou inúmeros edifícios no seu Portugal natal e, mais tarde, por toda a Europa, América e Ásia».
A página alemã segue a declaração do júri do Prémio Pritzker, da Fundação Hyatt, atribuído em 1992 a Siza Vieira pelo projeto de renovação na zona do Chiado, em Lisboa, dizendo que «os edifícios de Siza são um deleite para a mente e os sentidos. Cada linha e curva estão colocadas com perícia e firmeza. Tal como as obras do modernismo inicial as suas formas, moldadas pela luz, têm uma aparente simplicidade» e «são honestas».
Na exposição poder-se-á acompanhar o processo de pesquisa e busca de Álvaro Siza. Os traços dos seus esquissos aproximam-nos da sua sensibilidade espacial. Por sua vez as maquetes de trabalho documentam esta sua procura de forma tridimensional. Fotografias selecionadas e desenhos suplementares completam esta apresentação única.
As obras de Siza Vieira caracterizam-se pelas suas formas apelativas, formas estas nas quais se reconhece a ligação à grande tradição escultórica da arquitetura moderna, de que constam nomes como Alvar Alto, Adolf Loos ou Frank Lloyd Wright.
As construções de Siza ganham as suas atmosferas singulares através da sua materialidade. Com estes materiais, Siza tem a capacidade, como nenhum outro arquiteto, de integrar e relacionar, duma forma inteligente, os seus projetos com o lugar, bem como aliar métodos modernos a tradições locais. O seu pavilhão em Hombroich referencia-se explicitamente com a arquitetura em tijolo da região do Baixo Reno, bem como com as duas casas em tijolo de Mies van der Rohe, na cidade de Krefeld.
Assim são criadas referências claras e subtis, estabelecendo conexões com o lugar específico, bem como com os contextos culturais e arquitetónicos. A arquitetura de Siza é determinada por espaços abertos e por vezes, ambientes épicos. As pessoas que habitam e visitam os seus edifícios reencontram-se nesta arquitetura em termos de escala, e o facto de se sentirem bem tratadas pelos edifícios de Siza é frequentemente causado por painéis de mármore de grande dimensão, amplas paredes brancas que por vezes dão forma a espaços surpreendentes.