Uma retrospetiva da obra dos cineastas portugueses António Reis e Margarida Cordeiro e de realizadores a que esteve ligado ou por si influenciados, como Manoel de Oliveira, Paulo Rocha, Joaquim Sapinho, João Pedro Rodrigues, Pedro Costa, Manuela Viegas e Vítor Gonçalves, vai ter lugar em maio na cinemateca da Universidade de Harvard, integrando a programação do 7º Festival Português de Boston.
Integrando a programação do 7º Festival Português de Boston – apoiado pelo Instituto Camões - que este ano, além do cinema, apresenta música clássica, literatura, as tradicionais regatas de barcos açorianos e um espetáculo equestre.
A evocação da cinematografia de Reis (1927-1991) – autor «pouco conhecido nos Estados Unidos», mas «reverenciado no seu Portugal natal» - e dos seus parceiros e discípulos é justificada pelo Harvard Film Archive, que organiza a retrospetiva na sua sala do Carpenter Center for the Visual Arts, em Harvard, nos arredores de Boston, entre 18 e 26 de maio, pela «influência incomensurável» que o realizador português exerceu no «renascimento do cinema português» e na nova geração de cineastas que emergiu nas décadas de 80 e 90 do século passado.
É destacada a sua associação a Manoel de Oliveira, como ele do Porto, que o convidou para assistente de direção da sua «primeira obra-prima radical» Acto da Primavera (1963), projetado na mostra, em que trabalhou também Paulo Rocha, o autor do mítico Verdes Anos (1963), película fundadora do ‘Novo Cinema’ português, e que nesta retrospetiva em Harvard é evocado pelo filme Mudar de Vida (1966).
No dizer da cinemateca da Universidade de Harvard, «o modo pioneiro do cinema etnográfico poético que Oliveira e Reis definiram guiou o curso das quatro obras extraordinárias que Reis codirigiu com sua mulher, a psicóloga Margarida Cordeiro (n. 1939), culminando em Trás-os-Montes [1976], uma busca lírica da verdadeira "alma" da cultura e da história portuguesa nos mitos e no folclore camponês presentes na remota região do extremo norte de Portugal». Os outros filmes da dupla apresentados na retrospetiva são Jaime (1974), Ana (1985) e Rosa de Areia (1989).
«Admirado por nomes como Joris Ivens, Jean Rouch e Jean-Marie Straub, os filmes de Reis e Cordeiro inventaram uma linguagem fílmica poeticamente libertada e cinematograficamente hipnótica, um estilo e uma sensibilidade que definiram o rumo da duradoura tradição portuguesa de cinema radical, exercendo uma influência formativa, por exemplo, sobre João César Monteiro».
O legado de António Reis enquanto professor na Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa é destacado com o visionamento de uma seleção de obras de alunos seus, como Pedro Costa, com O Sangue (1989), João Pedro Rodrigues, com O Pastor (1988) e Joaquim Sapinho, de que é exibido o recente Deste Lado da Ressurreição (2011). Lugar ainda para Glória (1999), o único filme de Manuela Viegas, que integrou a secção competitiva do Festival de Cinema de Berlim, e Uma Rapariga no Verão (1986), de Vítor Gonçalves, que sucedeu a Reis na Escola Superior de Teatro e Cinema.
Poderão ser consultadas mais informações sobre o programa na página do Harvard Film Archive – aqui