Seis sessões, quatro salas. Na modéstia dos números esconde-se uma programação que oferece mais uma vez a possibilidade de contactar ao vivo com alguns dos protagonistas atuais do cinema português.
O Festival de Cinema Português no Reino Unido regressa a Londres para a sua 3ª edição, em novembro e dezembro, prometendo mostrar as «novas produções cinematográficas lusófonas contemporâneas».
A organização do festival pela Filmville, entidade criada em 2007 com o objetivo de «fazer a curadoria e a promoção de eventos cinematográficos em torno das culturas portuguesa e lusófona no Reino Unido», possibilita o contacto em Londres com o público cinéfilo britânico, entre 25 de novembro e 8 de dezembro, de cineastas como João Salaviza; Susana Sousa Dias e Edgar Pêra, para além de figuras como a pintora «luso-britânica» Paula Rego e a jornalista espanhola e Presidente da Fundação José Saramago, Pilar del Rio.
«A disseminação do cinema português e a sua relação com diferentes formas de arte, ilustrando as tendências contemporâneas na produção nacional de filmes e agitando os atuais debates na cultura portuguesa e lusófona, têm sido o foco principal» do Festival de Cinema Português no Reino Unido desde 2010, garantem os organizadores do evento, que tem o apoio do Camões IP.
A Whitechapel Gallery, o Barbican Cinema, o Tricycle Theatre e o Ciné Lumière serão as salas da capital britânica que acolherão o festival, que ocorre, sublinham os promotores, «após um período favorável de muitos prémios conquistados por realizadores portugueses em festivais de cinema de renome em todo o mundo, como Berlim, Cannes e Locarno».
O festival abre a 25 de novembro com a projeção na Whitechapel Gallery de quatro curtas-metragens ficcionais dos criadores Filipa César, João Onofre, Julião Sarmento e João Salaviza que integraram paralelamente a exposição No Place Like: 4 houses, 4 films, que representou Portugal a 12ª Exposição Internacional de Arquitectura, La Biennale di Venezia, que decorreu de 29 de agosto a 21 de novembro de 2010, sob o tema People meet in architecture (Comissariado-Geral de Kazuyo Sejima).
A exposição apresentou trabalhos dos arquitetos Manuel e Francisco Aires Mateus, Ricardo Bak Gordon, João Luís Carrilho da Graça e Álvaro Siza Vieira, e os quatro filmes, que «desvelam a relação» das casas mostradas «com os contextos em que se inserem», serão seguidos de um encontro com a britânica Beatrice Galilee, curadora da 3ª Trienal de Arquitetura de Lisboa, a ter lugar entre Outubro de 2013 e Janeiro 2014, e a sua equipa (Mariana Pestana, Liam Young e Manuel Henriques).
O documentário Paula Rego: Telling Tales (Portugal, 2012) de Jake Auerbach, a 29 de novembro no Barbican Cinema, mostra «um retrato íntimo e fascinante» na vida da Paula Rego, «seguindo-a do Museu Rainha Sofia (Madrid), onde foi realizada em 2009 uma grande retrospetiva da sua obra, de volta ao seu estúdio em Londres», e é seguido de uma conversa com a pintora e o realizador.
João Salaviza, vencedor de uma Palma de Ouro em Cannes em 2010 e do Urso de Ouro do Festival de Cinema de Berlim de 2012, é o foco de uma sessão a 1 de dezembro no Ciné Lumière inteiramente dedicada a si, para exibição de três emblemáticas curtas-metragens – Arena, Strokkur e Rafa – e para o jovem realizador falar da sua obra.
A 4 de dezembro, no Tricycle Theater, será a vez de Susana Sousa Dias falar depois da exibição de 48, um «pungente e aprofundado» documentário sobre a tortura de presos políticos em Portugal durante o regime fascista, a partir de fotografias do arquivo da polícia política, «mostrando os mecanismos através dos quais um sistema autoritário se perpetua a si próprio».
De volta ao Ciné Lumière, a 7 de dezembro, o festival exibe José and Pilar (Portugal 2010), o documentário realizado durante três anos por Miguel Gonçalves Mendes sobre o Prémio Nobel da Literatura José Saramago e a sua relação com Pilar del Rio, que juntamente com a jornalista e crítica literária do Guardian Maya Jaggi falará depois do filme sobre a película e a vida e o trabalho de Saramago.
O festival encerra 8 de dezembro com a projeção no Tricycle Theatre de O Barão (Portugal, 2012) de Edgar Pêra, «um remake neogótico de um filme de fantasmas realizado durante a II Guerra Mundial e proibido pela ditadura em Portugal», na expressão do realizador, que estará presente.