Apoiar a internacionalização
A língua portuguesa vai ter pela primeira vez, em 2017, um referencial para o ensino, aprendizagem e avaliação do português como língua estrangeira, sendo assim um documento orientador importante para a sua internacionalização.
O Referencial Camões de Português Língua Estrangeira (PLE) vem estabelecer especificações sob a forma de inventário de conteúdos dos seis níveis comuns de referência – estabelecidos para as línguas europeias pelo Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas – Aprendizagem, Ensino, Avaliação (QECR) do Conselho da Europa (2001) – para o ensino, aprendizagem e avaliação de quem tem uma outra língua materna e quer aprender o português como língua estrangeira.
A criação deste Referencial pretende contribuir para a cobertura de uma das necessidades do ensino de português no mundo, que compreende, além do ensino do PLE, o seu ensino e aprendizagem como língua materna, língua segunda ou língua de herança, o que exige «aproximações diferenciadas, se bem que articuladas», como é referido no prefácio ao Novo Atlas da Língua Portuguesa apresentado publicamente em novembro passado pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.
Conteúdos
As especificações apresentadas pelo Referencial surgem sob a forma de inventários de conteúdos, organizados em três componentes do uso comunicativo da língua: uma componente pragmática, uma componente nocional e uma componente linguística.
A finalidade do documento é facultar a todos os intervenientes no ensino e aprendizagem de PLE, em primeiro lugar aos da rede do Camões, I.P, um referencial de conteúdos relevantes para o desenvolvimento das competências comunicativas, com diferentes utilidades para o processo de ensino, pelo que no seu âmbito se inclui a conceção e organização de cursos; a elaboração de programas de ensino e aprendizagem; a elaboração de materiais de ensino e aprendizagem; a planificação de aulas e de atividades didáticas; a conceção e implementação de metodologias e instrumentos de avaliação; o apoio à ação pedagógica dos docentes e à reflexão sobre as suas práticas; a autoavaliação das aprendizagens dos aprendentes.
O Referencial apresenta o que os alunos têm de aprender em cada nível, de forma muito concreta, tratando-se de um documento aberto e não exaustivo, pelo que em cada uma das suas três componentes – pragmática, nocional e linguística – os inventários são suscetíveis de serem enriquecidos com novos conteúdos, podendo também ser atualizado e completado com a introdução de outros inventários tais como: inventário de fonética / fonologia; inventário de ortografia; inventário de referentes culturais; inventário de atitudes e comportamentos socioculturais / interculturais; inventário de estratégias de aprendizagem.