O fotógrafo português João Pina participa, com a exposição Opération Condor, nos Encontros de fotografia de Arles. A exposição integra o programa Les Plateformes du visible, consagrado às novas abordagens do documentário. A síntese de seu trabalho são imagens marcantes, todas em preto e branco, que poderão ser vistas no Musée départemental Arles antique, até dia 28 de agosto.
Como refere o artista, a Operação Condor “foi um plano secreto que uniu, em 1975, no auge da Guerra Fria, seis países latino-americanos – Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Uruguai e Paraguai –, que viviam sob regimes militares de extrema-direita”. “Através da partilha de informações, recursos, técnicas de tortura e prisioneiros políticos, estes países pretendiam aniquilar a oposição política, a quem chamavam a “ameaça comunista” ou os “subversivos”.
João Pina pesquisou, durante nove anos (2005-2014), histórias de horror: conversando com uma centena de vítimas, consultando processos, assistindo aos poucos julgamentos de responsáveis e visitando centros de tortura, prisões e paisagens, como o deserto de Atacama, no Chile, que sob sua beleza natural esconde trágicas histórias.
“A série ‘Operação Condor’ vai muito além de imagens documentais. Elas falam de ausência, da perda do que é irrecuperável, da procura de identidades desaparecidas e ainda sem explicação, da dor dos que deixaram de conviver com familiares e amigos, do corte seco que levou para sempre os que tiveram a liberdade tolhida nos anos da ditadura. É mais do que uma exposição: é um documento sobre cicatrizes”, afirma o comissário da exposição Diógenes Moura.