A escritora canadiana Alice Munro foi hoje distinguida com o Prémio Nobel da Literatura por ser "mestre do conto contemporâneo", um género literário raramente distinguido pela Academia das Ciências sueca.
Alice Munro, de 83 anos, torna-se assim a 13.ª mulher a ganhar o Nobel da Literatura desde que o prémio foi instituído, em 1901. É também a primeira vez que o prémio vai para um canadiano.
Na biografia que divulga da escritora, a academia sueca aplaude os contos de Munro, que focam “a fragilidade da condição humana”, e elogiam a "narrativa afinada" da escritora, "que se caracteriza pela clareza e pelo realismo psicológico".
"Alguns críticos consideram-na um Tchekhov canadiano", acrescenta a academia.
"As suas histórias passam-se frequentemente em pequenas localidades, onde a luta por uma existência socialmente aceitável muitas vezes resulta em relações tensas e conflitos morais - problemas que resultam de diferenças geracionais e ambições de vida que colidem", escreve ainda.
Os seus textos descrevem frequentemente "eventos do dia-a-dia, mas decisivos; verdadeiras epifanias que iluminam a história e deixam questões existenciais aparecer num relâmpago", pode ler-se no texto da academia.
Já nos últimos dias o nome de Alice Munro surgira como favorito, embora a escritora não surgisse nos primeiros lugares da lista de apostas.
Alice Munro nasceu a 10 de julho de 1931 em Wingham, na província canadiana de Ontário. A mãe era professora e o pai era criador de raposas.
Após terminar o liceu, começou a estudar jornalismo e inglês na Universidade de Western Ontario, mas interrompeu os estudos quando se casou, em 1951. Juntamente com o marido, estabeleceu-se em Victoria, em British Columbia, onde o casal abriu uma livraria.
Apesar de ter começado a escrever histórias quando ainda era adolescente, só publicou o seu primeiro livro em 1968, a coleção de contos "Dance of the Happy Shades" (Dança das Sombras Felizes), que recebeu uma atenção considerável no Canadá.
Munro é sobretudo conhecida pelos seus contos e publicou muitas coleções ao longo dos anos, nomeadamente "Amada Vida", "Fugas" e "O Amor de Uma Boa Mulher", publicadas em Portugal pela editora Relógio d'Água. Atualmente, Alice Munro vive em Clinton, perto da sua cidade natal em Ontário.
Munro vai receber oito milhões de coroas suecas (915.000 euros) e receberá o prémio numa cerimónia a 10 de dezembro, data do aniversário do fundador dos prémios, Alfred Nobel, em 1896.
Fonte: Agência Lusa