O antigo Presidente da República e Primeiro-Ministro Mário Soares faleceu no dia 7 de janeiro de 2017, no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa, onde estava internado há 26 dias. Tinha 92 anos. O governo decretou três dias de luto nacional, a 9, 10 e 11 de janeiro, e a realização de um funeral com Honras de Estado.
As exéquias fúnebres decorrem nos dias 9 e 10. No dia 9, segunda-feira, o corpo estará em câmara-ardente na Sala dos Azulejos do Mosteiro dos Jerónimos, para onde será levado de sua casa, no Campo Grande, com passagem e paragem na Câmara Municipal de Lisboa.
Na terça-feira, será levado para o centro do claustro daquele monumento, onde às 13h00 se realiza uma cerimónia com intervenções dos filhos, do Presidente da República e do presidente da Assembleia da República, e com a atuação do coro e orquestra do Teatro Nacional de São Carlos. Dali, o cortejo fúnebre segue para o Cemitério dos Prazeres, passando pelo Palácio de Belém, Fundação Mário Soares, Assembleia da República e Largo do Rato, onde se encontra a sede do PS, partido de que é fundador. Nos Prazeres, as cerimónias fúnebres com honras militares decorrem a partir das 17h00, em que apenas a primeira parte é aberta ao público.
Nascido a 7 de Dezembro de 1924, em Lisboa, Mário Alberto Nobre Lopes Soares era filho de João Lopes Soares, um antigo padre e professor que fundou o Colégio Moderno, e de Elisa Nobre Soares, professora.
Mário Soares destacou-se desde cedo na política. Ainda como estudante universitário (licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas em 1951 e em Direito em 1957), foi secretário da Comissão Central da Candidatura do General Norton de Matos à Presidência da República, em 1949, e estaria 11 anos depois na Comissão da Candidatura do General Humberto Delgado à Presidência da República.
Fez parte de vários movimentos de oposição à ditadura do Estado Novo, o que lhe valeu ser preso 12 vezes pela PIDE, a polícia política do regime. Cumpriu quase três anos de prisão e foi na cadeia, em 1949, que casou com Maria de Jesus Barroso. Foi deportado para São Tomé em 1968 e dois anos depois obrigado a exilar-se em França.
Foi no exílio que se tornou um dos fundadores do Partido Socialista, em 1973, e assumiu o cargo de secretário-geral dos socialistas durante praticamente 13 anos.
Regressou a Portugal três dias depois da revolução de 25 de Abril de 1974 para uma intensa atividade política, que o levou a ter um papel determinante na instauração e consolidação do regime democrático.
Mário Soares foi ministro dos Negócios Estrangeiros no I, II e III Governos provisórios, ficando com o polémico dossier da descolonização, e ministro sem pasta no IV Governo, do qual se demitiu na sequência do caso República. Graças à vitória do PS nas eleições de 1976, torna-se primeiro-ministro, liderando o I Governo Constitucional (entre 1976 e 1977) e o II (1978). Voltaria a chefiar o Governo, pela terceira vez entre 1983 e 1985, no chamado Bloco Central com o PSD – nestas passagens pelo Governo, conduziu Portugal à adesão à então Comunidade Económica Europeia.
Foi Presidente da República entre 1986 e 1996, depois de em 1991 ter sido reeleito com 70% dos votos. Destacou-se como um Presidente interventivo, especialmente no seu segundo mandato, em que criou as famosas presidências abertas, percorrendo o país.
Depois de deixar Belém ainda foi eurodeputado (entre 1999 e 2004) e tentou o regresso à Presidência em 2006, tendo sido derrotado nas urnas por Cavaco Silva.
Com Lusa e Público