O escritor açoriano João de Melo venceu o Prémio Literário Vergílio Ferreira 2016, atribuído pela Universidade de Évora. O vencedor da 20.ª edição do galardão foi escolhido, ao final da manhã de 20 de janeiro durante uma reunião do júri do prémio, presidido por António Sáez Delgado e que, este ano, integra Elisa Esteves, Gustavo Rubim, Carlos Reis e a escritora Lídia Jorge.
Instituído pela Universidade de Évora em 1997, o Prémio Vergílio Ferreira destina-se a galardoar, anualmente, o conjunto da obra literária de um autor de língua portuguesa relevante no âmbito da narrativa e/ou ensaio.
O Prémio Vergílio Ferreira foi atribuído, pela primeira vez, a Maria Velho da Costa, seguindo-se Maria Judite de Carvalho, Mia Couto, Almeida Faria, Eduardo Lourenço, Óscar Lopes, Vítor Manuel de Aguiar e Silva e Agustina Bessa-Luís.
Manuel Gusmão, Fernando Guimarães, Vasco Graça Moura, Mário Cláudio, Mário de Carvalho, Luísa Dacosta, Maria Alzira Seixo, José Gil, Hélia Correia e Ofélia Paiva Monteiro e Lídia Jorge foram os outros galardoados.
Entre 2001 e 2010, João de Melo foi conselheiro cultural da embaixada de Portugal em Madrid. Nascido na Ilha de São Miguel, nos Açores, em 1949, o escritor foi estudar para o continente aos 11 anos, como aluno interno do seminário dos Dominicanos, entre 1960 e 1967.
Abandonado o seminário, passa a viver em Lisboa, prosseguindo os estudos enquanto trabalha e iniciando colaborações na imprensa, sendo precisamente num jornal, o Diário Popular, que publicou o seu primeiro conto, aos 18 anos.
A partir daí, publicou contos, crítica literária e poemas em diversos periódicos, de Lisboa e dos Açores, e integrou "a geração literária que, sediada em Angra do Heroísmo e ligada ao suplemento literário do jornal A União, renovou a literatura açoriana contemporânea".
Foi incorporado no exército e destacado para Angola, permanecendo "27 meses numa zona de guerra", o que o marcou "em termos pessoais e literários, sendo tema de vários livros" da sua autoria, como é o caso do romance "Autópsia de Um Mar de Ruínas", considerado "uma referência na literatura portuguesa sobre a guerra colonial".
Após o 25 de Abril de 1974, João de Melo licenciou-se em Filologia Românica pela Faculdade de Letras de Lisboa, colaborou em diversas revistas literárias e, no início da década de 80, tornou-se professor do ensino secundário, profissão que reparte, até hoje, com a escrita literária.
Com Lusa