Leituras de excertos de obras literárias de 17 autores estrangeiros, na presença destes, entre os quais o poeta português Nuno Júdice, dão corpo à ‘Noite da Literatura’, a 1 de junho, organizada pela primeira vez na capital francesa por iniciativa do Centro Checo e do fórum dos institutos culturais estrangeiros (FICEP) em Paris, de que o Camões, IP faz parte.
A iniciativa, segundo os seus organizadores, «tem por ambição afirmar a diversidade literária e promover os autores estrangeiros, propondo, por intermédio dos centros culturais estrangeiros em Paris, obras de todos os géneros e para todos os públicos (poesia, romance, banda desenhada, etc.)».
De Nuno Júdice, que foi conselheiro cultural da Embaixada de Portugal e diretor do Centro Cultural Português/Instituto Camões em Paris na passagem do século, está prevista a leitura de excertos de duas recolhas de poesia, Geometria Variável e Um Canto na Espessura do Tempo, traduzidos para francês por Cristina Melo e Michel Chandeigne, respetivamente, e publicados em França, o primeiro em 2011 e o segundo em 1996.
Os extratos serão lidos na Livraria La Hune, por Graça Dos Santos e Fernando Curopos, da companhia teatral ‘Cá e Lá’, promotora do festival Parfums de Lisbonne, que este ano, na sua 7ª edição, entre 25 de maio e 20 de junho, surge associado à primeira ‘Noite da Literatura’ de Paris.
As leituras dos 17 autores estrangeiros em 17 locais parisienses, por atores franceses, serão repetidas de hora em hora entre as 16:00 e as 19:00 e entre as 20:00 e as 22:00. Durarão 20 minutos e serão seguidas por um encontro com o público, que é convidado, a seguir, a deslocar-se a outro local para assistir a uma outra leitura.
Iniciada pela primeira vez em Praga, na República Checa, em 2006, a ‘Noite da Literatura’ tem tido um franco sucesso e já se estabeleceu em cerca de uma quinzena de capitais europeias, entre as quais Lisboa, onde decorreu a 24 de maio.
Sobre Júdice escreveu Jacques Fressard, na Quinzaine Littéraire, que ele «é um dos poetas mais dotados da sua geração. Contemporâneo dos ‘venezianos’ ou dos culturalistas espanhóis, emprega como eles o retorno provocador ao decadentismo e à narratividade como arma contra a poesia comprometida anterior».
Nascido em 1949 no Algarve (Portugal), Nuno Júdice estudou em Lisboa, onde é professor na Universidade Nova de Lisboa. Atualmente, dirige a revista Colóquio Letras, da Fundação Calouste Gulbenkian. Publica regularmente ensaios no campo da teoria e da literatura portuguesa [Voyage dans un Siècle de Littérature Portugaise (1993)].
Nuno Júdice escreveu romances, peças de teatro, mas o seu destaque nasceu da poesia, que não deixa de criar desde 1972.