Robert Bréchon, falecido em agosto passado e «um dos mais importantes especialistas estrangeiros na vida e obra de Fernando Pessoa», vai ser homenageado a 16 de janeiro, pelas 18h00, na delegação em França da Fundação Calouste Gulbenkian, numa iniciativa conjunta com a Embaixada de Portugal.
Os seus trabalhos incontornáveis sobre autores portugueses – de Fernando Pessoa a António Ramos Rosa – contribuíram decisivamente para a afirmação e para o prestígio da literatura portuguesa em França e no mundo.
O seu campo de reflexão alargou-se a outras problemáticas lusitanas. Como refere Guilherme d’Oliveira Martins, «a partir da obra de Pessoa, Bréchon foi um excelente investigador da identidade portuguesa».
A sessão contará com a presença do Embaixador de Portugal em França, Francisco Seixas da Costa, de um representante do Conselho de Administração da Fundação Calouste Gulbenkian, e de Hélène Poutissou, filha de Robert Bréchon.
Encontra-se prevista uma mesa-redonda coordenada por José Manuel Esteves, responsável pela Cátedra Lindley Cintra da Universidade de Paris Ouest Nanterre La Défense.
A mesa-redonda reunirá investigadores que trabalharam com Robert Bréchon, como Catherine Dumas (Universidade de Paris III), Patrick Quillier (Universidade de Nice), Béatrice Jongy (Universidade de Bourgogne) e Aníbal Frias (investigador de Pessoa).
No final da sessão decorrerá um concerto de homenagem realizado pela cantora e compositora Bévinda.
Segundo Bréchon - citado no blogue do embaixador português em França, a quem alguém disse em 2009, quando chegou a Paris, que o estudioso francês era «um radical pessoano» - «é através de Pessoa que Lisboa entra verdadeiramente na literatura universal».
«Robert Bréchon iniciou os seus contactos com a língua portuguesa quando foi diretor do Liceu Francês no Rio de Janeiro, tendo mais tarde dirigido o Institut Français de Lisboa e desempenhado funções de conselheiro cultural da Embaixada de França», escreve-se numa notícia necrológica publicada no sítio da Biblioteca Nacional de Portugal.
Em Lisboa, entre 1962 a 1968, «conheceu o meio literário português - amigo de Ramos Rosa, através do qual conheceu autores como Sophia de Mello Breyner Andresen, Herberto Helder, Vergílio Ferreira e Ruy Cinatti – e descobriu a obra de Pessoa, especialmente pelo contacto com Jacinto Prado Coelho e João Gaspar Simões».
«Produziu numerosos artigos, ensaios e prefácios, mas também conferências, não só sobre a obra de Pessoa, em que se destacou, mas sobre outros autores da literatura portuguesa contemporânea, como José Régio, Vitorino Nemésio e António Ramos Rosa», acrescenta a nota biográfica da BNP, que sublinha a direção conjunta com Eduardo Prado Coelho das Œuvres de Fernando Pessoa, publicadas em nove volumes, entre 1988 e 1992, duas obras biográficas sobre Pessoa e trabalhos dispersos ainda sobre este autor recolhidos em duas outras obras.
Bréchon produziu também, segundo a BNP, seis capítulos sobre história da literatura portuguesa, abrangendo o período de 1934 até ao final do século XX, com que completou a obra de Georges Le Gentil La Littérature Portugaise.
Na opinião de Francisco Seixas da Costa, a propósito de Robert Bréchon, «Portugal deve imenso àqueles que, no estrangeiro, se apaixonaram pela sua cultura e que na respetiva promoção ocuparam grande parte da sua vida».