O Prémio Vasco Graça Moura - Cidadania Cultural foi atribuído por unanimidade ao filósofo e ensaísta Eduardo Lourenço, tendo sido anunciado hoje, dia 4 de janeiro, data em que Vasco Graça Moura completaria 74 anos de vida. Aos 92 anos, Eduardo Lourenço junta o Prémio Vasco Graça Moura - Cidadania Cultural a outros como o Prémio Pessoa, em 2008, e o Prémio Camões, em 1995.
O Prémio Vasco Graça Moura - Cidadania Cultural, criado pela Estoril Sol, é atribuído pela primeira vez, tendo uma periodicidade anual e o valor pecuniário de 40 mil euros. Criado em homenagem à memória do poeta, ensaísta, romancista, dramaturgo, cronista e tradutor Vasco Graça Moura, que morreu aos 72 anos em abril de 2014, o prémio é reservado a uma personalidade de nacionalidade portuguesa, que se tenha notabilizado por um conjunto de obras ou por uma obra original e inovadora de excecional valia para a cidadania cultural do país. A Sociedade Portuguesa de Autores é uma das entidades que já manifestou o seu apreço pela decisão do Júri, congratulando-se com a atribuição do prémio a Eduardo Lourenço.
Por ocasião do seu doutoramento Honoris Causa em Literaturas e Filologias Europeias, a Universidade de Bolonha inaugurou em finais de 2007 em parceria com o Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, I.P. a cátedra Eduardo Lourenço.
Eduardo Lourenço nasceu há 92 anos em S. Pedro do Rio Seco - concelho de Almeida, na Beira Alta -, tendo frequentado o Colégio Militar de Lisboa, onde concluiu o curso em 1940.
Esteve matriculado na Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra, tendo desistido para mais tarde prestar provas em Ciências Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras da mesma universidade, concluindo a licenciatura em 1946. A sua tese, publicada mais tarde, foi sobre "O Sentido da dialética no idealismo absoluto".
Iniciou a carreira académica em 1953, tendo lecionado em diversas universidades europeias e americanas, nomeadamente, de Hamburgo e Heidelberg, na Alemanha, Montpellier, Grenoble e Nice, em França, e na da Baía, no Brasil, entre outras.
Entre condecorações e distinções, recebeu as ordens de Grande Oficial de Santiago e Espada (1981), a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique (1992), a Grã-Cruz da Ordem de Santiago e Espada (2003) e a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade (2014). A França distinguiu-o com a Ordem Nacional de Mérito (1996), a Ordem das Artes e das Letras (2000) e a Legião de Honra (2002). Em 2008 recebeu a medalha de Mérito Cultural do Governo Português e a Ordem de Mérito Civil de Espanha. Recebeu, entre outros, os prémios PEN Clube (1984), António Sérgio (1992), D. Dinis, Casa de Mateus (1996), Vergílio Ferreira (2001) e Universidade de Lisboa (2012). São muitas as distinções que têm destacado o percurso de Eduardo Lourenço, no plano intelectual, no académico e no plano de cidadania.
Da sua obra destacam-se títulos como "Heterodoxia I e II", "O Fascismo nunca Existiu", "Nós e a Europa ou as duas razões" ou, entre os mais recentes, "Do colonialismo como nosso impensado" e "Do Brasil, fascínio e miragem".