Documentários e palestras sobre temas relacionados com Angola, Brasil e Portugal decorrem de 7 de fevereiro a 3 de abril em Otava, Canadá, numa iniciativa da secção portuguesa do departamento de Línguas e Literaturas Modernas da Universidade de Otava.
A iniciativa, denominada V Série de Documentários e Palestras da CPLP, é organizada pelo professor visitante da Universidade de Otava, Carlos Gomes da Silva, e conta com o apoio do Instituto Camões e das embaixadas daqueles três países.
A série é inaugurada a 7 de fevereiro com a projeção do documentário Entreatos (2004), do realizador brasileiro João Moreira, «que aborda o período da vida de [o ex-presidente brasileiro] Luiz Inácio Lula da Silva a 30 dias da conquista do poder», a partir dos bastidores da sua campanha.
Segue-se a 14 O Arquiteto e a Cidade Velha (2004), da portuguesa Catarina Alves da Costa, que narra a intervenção, ao longo de três anos, do arquiteto português Álvaro Siza Vieira e da sua equipa no processo de recuperação da Cidade Velha, a antiga Ribeira Grande, a primeira cidade fundada pelos portugueses em Cabo Verde na ilha de Santiago.
Após um intervalo para os midterms exams, a série de exibições retoma a 6 de março com Vinícius (2005), do diretor brasileiro Miguel Faria Junior, que recorrendo a «raras imagens de arquivo, entrevistas e interpretações», retrata «a vida, a obra, a família, os amigos, os amores de Vinicius de Moraes, autor de mais de 400 poesias e cerca de 400 letras de músicas».
A 13 de março, surgem dois filmes sobre as ditaduras do Brasil e Portugal. O primeiro é Vou Contar Para Meus Filho, um documentário de Tuca Siqueira sobre a ditadura militar no Brasil (1964–1985), vista através dos olhos de 24 mulheres que foram presas políticas e que «hoje desempenham funções no governo ou são professoras universitárias, médicas, donas de casa, avós, seguindo suas trajetórias de vida engajadas de algum modo na luta pelos direitos humanos e por um país mais justo».
O segundo filme, Natal 71 (2000), da portuguesa Margarida Cardoso, labora sobre as memórias da ditadura e da guerra colonial em Portugal a partir de um disco (Natal 71), uma peça de «propaganda nacionalista» oferecida aos militares envolvidos na guerra nas colónias portuguesas, e de uma cassete, o Cancioneiro do Niassa, nome dado a uma gravação clandestina de músicas por militares ao longo dos anos da guerra em Moçambique» e que é «uma voz de revolta».
Janela da Alma (2001), da dupla brasileira João Jardim/Walter Carvalho, evoca a 20 de março como «dezenove pessoas com diferentes graus de deficiência visual, da miopia discreta à cegueira total» - entre os quais o escritor e prémio Nobel português José Saramago, que escreveu Ensaio sobre a Cegueira - «falam como se veem, como veem os outros e como percebem o mundo».
Nesse dia, Pintura Habitada (2006), de Joana Ascensão, aborda o trabalho de Helena Almeida, «artista plástica que, desde o final dos anos 60, tem desenvolvido uma obra na qual explora os limites da auto-representação e as fronteiras dos diferentes meios que utiliza, sejam eles a pintura, o desenho, a fotografia ou o vídeo».
Mais dois documentários serão projetados a 27 de março. Outras Frases (2003), de Jorge António, mostra-nos o trabalho da coreógrafa e bailarina angolana Ana Clara Guerra Marques, que «através da pesquisa e reinterpretação de elementos tradicionais (…) procurou ao longo dos anos após a independência criar novas estéticas e linguagens para o desenvolvimento de uma dança contemporânea angolana».
António Lobo Antunes (2009), de Solveig Nordlund, parte da atribuição do Grande Prémio de Literatura da Feira Internacional do Livro em Guadalajara, Mexico, ao escritor português para «uma passagem em revista da sua vida e obra».
A série encerra a 3 de abril com Raízes do Brasil: Uma Cinebiografia de Sérgio Buarque de Holanda (2003), de Nelson Pereira dos Santos, sobre a vida e obra de «um dos principais intelectuais do Brasil no século XX e autor dos livros Raízes do Brasil e Visões do Paraíso».