A Mutilação Genital Feminina (MGF) foi tema de um encontro de reflexão que juntou no Centro Cultural da Mina, na Amadora, homens e mulheres imigrantes da Guiné-Bissau para um debate aberto sobre uma prática “violenta” que conhecem de perto e afirmam não querer ver perpetuada.
Esta tertúlia, que juntou mais de três dezenas de pessoas, foi organizada pela Associação Balodiren e moderada pela jornalista Carla Adão, a partir de uma apresentação do tema feita pela jornalista Sofia Branco. O Camões - Instituto da Cooperação e da Língua (CICL) acompanhou os trabalhos.
Os representantes da comunidade guineense expuseram o seu ponto de vista sobre a MGF, demonstrando-se contra aquele ato que apelidam de violento, mas explicando que enfrentam resistências ao seu combate no seio das famílias, designadamente junto das que permanecem no seu país de origem.
Na sessão foram analisadas as verdadeiras razões que dificultam a eliminação da MGF, como por exemplo o facto de o objeto utilizado para a prática passar tradicionalmente de mãe para filha. Existe a crença, segundo apontaram, que quem não cumprir essa tradição será alvo de maldição.
Foi também sublinhada a necessidade de uma mudança profunda na mentalidade dos homens que rejeitam as mulheres não submetidas à prática de excisão. Ao expor de uma forma tão direta toda a envolvente desta problemática, os participantes declararam ser seu objetivo contribuir para que os responsáveis por projetos de abandono da MGF sejam capazes de delinear novos caminhos e atingir resultados mais eficazes.
Este encontro, realizado a 16 de março de 2013, constituiu uma das ações promovidas pela Associação Balodiren no âmbito de um projeto de combate à prática da excisão, financiado pela Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género, e que se insere nas ações do II Plano para a Eliminação da Mutilação Genital Feminina.