Itália: O Portugal pós-colonial no Festival Cinema e Donne, em Florença

Publicado em sexta-feira, 31 outubro 2014 14:37

Uma noite de honra dedicada a Portugal e ao cinema português encerra a programação do 36º Festival Internacional Cinema e Donne – Origine del mondo, que decorre de 6 a 11 de novembro de 2014 no Cinema Odeon em Florença, uma iniciativa que conta com o apoio do Camões, I.P.

No dia de encerramento do festival, promovido pela região da Toscânia e a Comuna de Florença, dois filmes portugueses - Terra de Ninguém (2012), de Salomé Lamas, e Bobô (2013), de Inês Oliveira - integram a programação do festival, sob o título ‘Uma Casa Portuguesa a Firenze’.

O filme de Inês Oliveira, que estará presente em Florença para a exibição, será o último a ser projetado no festival na noite em honra de Portugal, que contará com a presença de Isabella Padellaro, da ação cultural da Embaixada de Portugal em Roma.

O festival deste ano está articulado em noites de honra dedicadas a diversas cinematografias e temas, entre as quais a relativa à cinematografia portuguesa. É o «Portugal pós-colonial das duas autoras mais importantes do momento (…), com que o festival fechará».

Enquanto o filme de Inês Oliveira aborda o tema da mutilação genital feminina na comunidade guineense de uma forma ficcionada, o filme de Salomé Lamas coloca em cena um ex-militar e ex-mercenário que relata, impassível, torturas e assassinatos refazendo as tragédias do colonialismo e da repressão sangrenta em Angola e Moçambique e fala dos homicídios encomendados para CIA em El Salvador e no país basco espanhol nos anos 80.

«O que caracteriza a nova geração de cineastas portugueses é a revisitação apaixonada da história recente de um país que conquistou a democracia, como conta Maria de Medeiros em Capitães de Abril, de repente e sem derramamento de sangue, mas depois de uma longa história colonial. Quarenta anos depois do golpe de Estado dos "capitães", que pôs termo a uma ditadura que durou meio século, os jovens realizadores enfrentam o presente com um olhar profundo e original que se torna estilo. Ocupando-se do passado, a procura da identidade e da liberdade encontra a África e suas culturas ancestrais», escreve num texto dos organizadores do festival alusivo a mostra portuguesa.

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