O Ano de Portugal no Brasil tem muita música. De diversas sonoridades e obediências. E ao Quarteto Lopes-Graça (QL-G), que vai estar em digressão pelo Brasil durante o mês de janeiro, coube ‘representar’ quase em exclusivo a música erudita portuguesa numa programação - iniciada em setembro e que se estende até julho de 2013 -, que pretende «atualizar as imagens recíprocas» nos dois países.
O QL-G, que se apresenta a si próprio como «constituído por músicos com notáveis carreiras solísticas e camerísticas, professores da Escola de Música do Conservatório Nacional (Lisboa)», dá dois concertos a 11 e a 16 de janeiro em Curitiba, no âmbito da Oficina da Música, que se realiza nesta cidade do sudeste brasileiro, e ainda em Sorocaba (Estado de São Paulo), a 20, e em Brasília, no Teatro Oi, a 22.
O convite para participar na Oficina da Música de Curitiba - «o maior festival de música de toda a América Latina», na sua 31ª Edição – partiu do maestro português Osvaldo Ferreira, que é diretor musical do evento, onde o QL-G orientará diariamente uma masterclass e onde no concerto de dia 16 tocará com a pianista russa Olga Kiun e o oboísta-solista da Staadt Opera de Berlim Fabian Schaefer.
A escolha de um dos mais proeminentes agrupamentos de câmara portugueses da atualidade indica a intenção de privilegiar a apresentação de obras de compositores portugueses, que é uma das marcas do Quarteto Lopes-Graça, vencedor do prémio Autores/RTP 2010, na categoria melhor trabalho de música erudita, com o CD – Música portuguesa para um quarteto.
Para além da divulgação, o Quarteto tem tido um papel de renovação da música erudita portuguesa, «por via de sucessivas encomendas a criadores contemporâneos».
Estas opções justificam-se, em primeiro lugar, pela «relativa abundância de criações para quarteto de cordas de nível internacional oriundas de compositores como Santos Pinto, Viana da Motta, Cláudio Carneyro, Luís de Freitas Branco, Frederico de Freitas, Joly Braga Santos, Fernando Lopes-Graça, ou outras, mais recentes, de António Victorino d’Almeida, João Nascimento, Amílcar Vasques Dias (obras dedicadas ao Quarteto), Luís Tinoco».
Outra razão, segundo se escreve numa nota de imprensa anunciando o concerto de Brasília, reside no facto de, «no mundo contemporâneo, a marca identitária de um povo se define, antes de mais, pelas suas valências culturais, que prevalecem sobre as geográficas e económicas, potenciando o seu desenvolvimento e diferenciação».
O repertório a apresentar no Brasil pelo Quarteto Lopes-Graça será constituído por obras de compositores portugueses dos séculos XX e XXI – Anne Victorino de Almeida – Quarteto da Serra d’Arga e Fernando Lopes-Graça – Suite Rústica nº 2. E ainda por obras de grandes mestres internacionais do género quartetista - Silvestre Revueltas – Musica de Feria e Dimitri Schostakovich – Quarteto nº 4.
Antes de cada concerto serão promovidos pequenos ‘Encontros de Culturas’ com o público, para debater as «tendências da criação musical nos dois países com particular enfoque no cruzamento de géneros e interdisciplinaridade, linhas de fundo de um mundo que, também na arte, se globalizou».
«É nossa expectativa – dizem os promotores - que esta digressão do Quarteto Lopes-Graça se inscreva na representação do Portugal moderno, inovador e aberto que vem sendo apanágio do Ano de Portugal no Brasil / Ano de Brasil em Portugal.»