Brasil: Morreu o escritor brasileiro Rubem Fonseca, Prémio Camões 2003

Publicado em quinta-feira, 16 abril 2020 09:45

O escritor brasileiro Rubem Fonseca, de 94 anos, morreu no dia 15 de abril de 2020,no Rio de Janeiro, disse à Lusa a sua editora em Portugal, a Sextante, do grupo Porto Editora.

Autor de livros como "O Caso Morel" (1973), "Feliz Ano Novo" (1976), "O Cobrador" (1979) e "A Grande Arte" (1983), Rubem Fonseca foi distinguido em 2003 com o Prémio Camões, o mais importante prémio literário da língua portuguesa, e recebeu também, por seis vezes, o Prémio Jabuti, o principal galardão da literatura, no Brasil.

Em 2015 recebeu o Prémio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras (ABL), pelo conjunto da sua obra. Em 2012, esteve em Portugal para receber o Prémio Correntes d'Escritas, na Póvoa de Varzim, e em Lisboa, onde o município lhe entregou a Medalha de Mérito Municipal Grau Ouro. No mesmo ano, foi distinguido com o Prémio Iberoamericano de Narrativa Manuel Rojas.

O escritor era apontado pela crítica como "o maior contista brasileiro da segunda metade do século XX".

"Carne crua", o seu mais recente livro de contos inéditos, foi editado em 2018.

Contudo, antes de entrar no universo da literatura, o escritor, nascido em Juiz de Fora, município no interior do estado de Minas Gerais, formou-se em Direito e construiu uma carreira de seis anos na polícia civil, como comissário.

Fonseca viria a estrear-se na literatura em 1963, com o livro de contos "Os Prisioneiros".

O escritor brasileiro venceu cinco vezes o prémio Jabuti na categoria de Contos e Crónicas, pelos livros "Lúcia McCartney" (1969), "O Buraco na Parede" (1995), "Secreções, Excreções e Desatinos" (2001), "Pequenas Criaturas" (2002) e "Amálgama" (2014).

Na categoria de Romance, o nonagenário venceu apenas uma vez, com "A Grande Arte" (1983).

Em 2015, quando foi distinguido com o Prémio Machado de Assis, a Academia considerou "Rubem Fonseca um dos mais importantes ficcionistas contemporâneos brasileiros", que "exerceu profunda influência na cena literária brasileira, inaugurando a tendência que Alfredo Bosi chama de 'brutalista'".

Conhecido também pela sua reclusão, e consequente recusa a dar entrevistas, Rubem Fonseca viveu a maior parte da sua vida no Rio de Janeiro, tornando-se numa das figuras da cidade.

Em 2012, quando esteve em Lisboa para receber a Medalha de Mérito Municipal, afirmou que “mais importante que esta grande honraria é o estar em Portugal”, terra de todos os seus antecessores.

Num curto discurso, nos Paços do Concelho de Lisboa, o autor de “O Cobrador” disse que, juntamente com o irmão, foram os primeiros brasileiros de uma família portuguesa onde, em casa, o quotidiano era marcadamente português.

Lusa