Brasil: Cátedra Jaime Cortesão da Universidade de São Paulo

Publicado em quarta-feira, 03 junho 2020 08:30

A Cátedra Jaime Cortesão da Universidade de São Paulo é mais antiga Cátedra do Camões, I.P., criada em 1991, pela Comissão Nacional para a Comemoração dos Descobrimentos Portugueses e incorporada ao Instituto em 1994. Esteve vinculada ao Instituto de Estudos Avançados da USP até 1998, quando passou para a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, associando os Departamentos de História e de Letras Clássicas e Vernáculas.

O patronato de Jaime Cortesão define sua vocação, voltada para o estudo, pesquisa e divulgação da História de Portugal e do mundo de língua e colonização portuguesas, valorizando o debate que permite reconsideração crítica e aberta dos processos comuns e das trajetórias específicas.

Desde sua fundação, em 1934, a Universidade de São Paulo esteve ligada aos estudos portugueses com Rebelo Gonçalves, Canuto Soares e Fidelino de Figueiredo. Essas raízes são evidenciadas em 1946, quando Eduardo d’Oliveira França apresentou tese de doutoramento O Poder Real em Portugal e as Origens do Absolutismo e em 1951 sua tese de Cátedra Portugal na Época da Restauração. A cadeira de História Moderna inaugurou uma linhagem de estudos sobre Portugal e História Luso-Brasileira com: Manuel Nunes Dias O capitalismo monárquico português 1415 – 1549, Carlos Guilherme Mota A idéia de revolução no Brasil 1789-1801, Fernando Antonio Novais Portugal e Brasil na crise do Antigo Sistema Colonial 1777-1808, José Jobson de Andrade Arruda O Brasil no Comércio Colonial, dentre outros. Os estudos sobre Portugal e Brasil foram ainda mais incentivados  com a presença de Joaquim Barradas de Carvalho, entre 1964 e 1970,  estimulando pesquisas sobre a época dos descobrimentos.

Essa linhagem, desdobrada em dezenas de trabalhos de mestrado e doutorado inspirou, em 1991, a criação desta Cátedra, permitindo o incremento dos estudos de História Ibérica. O convênio com Universidades portuguesas possibilitou a realização de pesquisas conjuntas, com o acolhimento 132 bolsistas brasileiros, financiados com as verbas adstritas pelo Camões, I.P.. Esse apoio corresponde a cerca de 33% do orçamento e constitui poderoso aval na demanda às financiadoras brasileiras, para a consecução de eventos, oficinas e cursos.

A Cátedra agrega mais de 100 pesquisadores, em 11 projetos e laboratórios de pesquisa, dedicados aos estudos da história e da cultura lusófona, com intensa atividade de investigação, docência e divulgação. Em 2019, foram realizados 5 encontros internacionais, 108 oficinas de trabalho, ministradas 4 disciplinas de graduação para 300 alunos e 15 cursos de atualização e difusão, publicados 6 livros e 24 artigos em revistas científicas.

A Plataforma Cátedra Digital, em finalização, disponibilizará os catálogos das bibliotecas da Cátedra e da Casa de Portugal na base Bibliolusitana, além de dados sobre a estrutura fundiária colonial, a Rede Internacional de História do Açúcar e conteúdo audiovisual.

Espaço privilegiado de pesquisas e divulgação da História e da Cultura lusófona, a Cátedra busca continuamente aprimorar e atualizar suas ações, no diálogo com as comunidades acadêmicas e a sociedade.

 

"Na língua de Camões: Cátedras pelo mundo” é a nova rubrica do encarte do Camões - Instituto da Cooperação e da Língua, I.P. no JL - Jornal de Letras, Artes e Ideias, inaugurada na edição de fevereiro. Com o objetivo de dar a conhecer aos leitores a rede de Cátedras Camões - que integra atualmente mais de 50 cátedras, distribuídas por 20 países, em quatro continentes -, todos os meses um/a titular de uma Cátedra Camões escreverá um texto sobre a história, o perfil e os projetos da respetiva cátedra. Este texto foi originalmente publicado no Encarte Camões n.º 280 * de 22 de abril a 5 de maio de 2020, Suplemento da edição n.º 1293, ano XL, do JL, Jornal de Letras, Artes e Ideias com a colaboração do Camões, I.P..