Portugal e São Tomé e Príncipe começaram a realizar consultas, à distância, na especialidade de otorrinolaringologia, no âmbito de um projeto de telemedicina que permite realizar, anualmente, cerca de cinco mil consultas.
A primeira consulta à distância nesta especialidade foi realizada no dia 19 de outubro de 2016, no hospital CUF Infante Santo, em Lisboa, tendo permitido ao diretor clínico, João Paço, realizar exames, diagnosticar e recomendar medicação a uma mulher, que se encontrava no hospital Dr. Ayres de Menezes, que se queixava de alterações da voz há seis meses.
O projeto "Saúde para Todos" em São Tomé e Príncipe, executado pelo Instituto Marquês de Valle Flôr (IMVF) e financiado pelo Camões-Instituto da Cooperação e da Língua, I.P. arrancou em 1988 e desde 2011 conta com a telemedicina, projeto no âmbito do qual são realizadas, por ano, mais de cinco mil teleconsultas em todas as especialidades, além de milhares de exames, ecografias e exames de radiologia.
A iniciativa abrange ainda missões em 23 especialidades médicas e envolve 27 hospitais e instituições de saúde portuguesas.
Na apresentação do projeto, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, sublinhou que "na raiz de tudo isto, está a cooperação, em que dois Estados soberanos se ajudam um ao outro e que permite honrar a história comum e construir um futuro também comum".
Este projeto, referiu, permite "vencer a barreira da distância e anular o tempo", além de "reduzir custos, aumentar a eficiência da ação e melhorar os resultados".
O chefe da diplomacia portuguesa enfatizou que "temos de cooperar mais uns com os outros, de humanizar mais, de ser o mais racional possível na afetação dos recursos para respondermos às nossas necessidades, temos de ser mais económicos, no sentido nobre da palavra".
Augusto Santos Silva afirmou por outro lado que a cooperação portuguesa terá, nos próximos anos, "um reforço considerável", através de verbas do Estado e de projetos de cooperação delegada, chegando também a novos parceiros.
As verbas, esclareceu, provêm diretamente do Orçamento do Estado português e também dos "recursos financeiros que estão hoje disponíveis para a cooperação delegada", em projetos que envolvem vários países e que são coordenados por Portugal, e que ocorrem no âmbito da União Europeia e organizações internacionais.
O ministro mostrou-se confiante que, nos próximos anos, haverá um crescimento contínuo dos recursos financeiros disponíveis para cooperação liderada por Portugal, recordando que os projetos são "de natureza competitiva".
Na sessão, a secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, Teresa Ribeiro, defendeu que este projeto, que se baseia numa "plataforma de baixo custo", pode "ser transportado para outras regiões e outros países, onde a cobertura tecnológica é deficiente e esta plataforma pode responder e ultrapassar essas fragilidades".
Teresa Ribeiro sublinhou que "esta conjugação de fatores é o que advogamos para a cooperação portuguesa: um cofinanciamento público e privado, nacional e internacional, um ´know-how´ partilhado por institutos públicos, por empresas, pela academia, e a ONGD [organização não-governamental para o desenvolvimento, o Instituto Marquês de Valle Flôr], que executa este programa", sublinhou.
A CUF colabora, desde 2001, com o IMVF na área da otorrinolaringologia, tendo realizado, em cinco anos, 20 missões a São Tomé e Príncipe, no âmbito das quais já foram feitos mais de mil rastreios e 500 cirurgias, revelou o presidente do conselho de administração da José de Mello Saúde, Salvador de Mello.
LUSA