O romance “O Reino das Casuarinas”, da autoria de José Luís Mendonça, vai ser lançado no dia 3 de junho de 2014, às 18:00, no Camões, IP - Centro Cultural Português em Luanda, estando a apresentação a cargo do escritor António Panguila.
No livro, com chancela da Texto Editores, são abordados episódios que marcaram a história recente de Angola: da guerra colonial à independência, passando pelo conflito interno que perdurou durante largos anos depois da independência, até às dissidências internas político-religiosas.
José Luís Mendonça relata a história de sete angolanos vítimas da síndroma da amnésia auto adquirida, provocada por traumas devido à sua experiência de guerra, no período compreendido entre 1961 e 1987. Durante o internamento no Hospital Psiquiátrico de Luanda, o grupo decide evadir-se para fundar um Estado na Floresta da Ilha de Luanda, denominado “Reino das Casuarinas”.
O narrador chamado “Nkuko”, mutilado de guerra e impotente devido a uma agressão que sofreu na infância, vai desfiando a história de cada um dos personagens, procurando identificar as causas do estado de perturbação de cada um deles. Conta para tal com a ajuda de um gato chamado “Stravinski”, com particulares dotes musicais, que ele trouxe da ex-Alemanha Democrática, quando terminou os estudos como bolseiro.
Como personagem central, destaca-se o “Primitivo”, presente ao longo de toda a narrativa, que tenta, em vão, resgatar valores e verdades ideológicas. Os outros seis personagens (a rainha “Eutanásia”, o “Povo do Polvo”, o “PAM”, o “Profeta”, o “Katchimbamba”, e o “Cruz Vermelha”) foram vítimas de agressões pessoais, religiosas e políticas.
O objetivo idealista do grupo dos sete “alienados” de transcender a realidade insatisfatória com a criação de um Estado democrático acaba também por ser defraudado devido à ambição de poder de um deles, que decide pôr termo à vida de todos, quando se preparavam as primeiras eleições livres naquele projeto de país utópico.
José Luís Mendonça, nascido em 1955 no Golungo Alto, licenciado em Direito, é jornalista, escritor e poeta. Foi no Musseque do Cazenga, onde viveu a infância e a juventude, que se inspirou para fazer os seus primeiros poemas. Atualmente, dirige e edita o quinzenário “Cultura – Jornal Angolano de Artes e Letras”.
Segundo o professor Francisco Soares, “é dos nomes relevados ao longo dos anos 80 na poesia angolana, que se destaca pela vitalidade, rigor e continuidade da produção”. Entre as obras de poesia publicadas, citam-se: “A Chuva Novembrina” (Prémio Sagrada Esperança em 1981), “Gíria de Cacimbo” (1987) e “Respirar as Mãos na Pedra” (Prémio Sonangol 1988).