Os clássicos faziam-lhes estátuas e escreviam sobre elas, os contemporâneos dedicam-lhes conferências. As ‘Virtudes’ são o tema genérico da série de 9 conferências que decorre desde janeiro no Centro de Cultura Contemporânea de Barcelona, na capital catalã, e na qual vai estar presente a 20 de fevereiro António Lobo Antunes.
O escritor português vai debater a ‘honestidade’ com o espanhol Juan Marsé, outro escritor e seu amigo pessoal, numa sessão que será apresentada pelo jornalista Emili Manzano.
A série de conferências, foi iniciada a 16 de janeiro com a abordagem do tema da ‘moderação’ por Tzvetan Todorov, filósofo e linguista búlgaro radicado em França, onde é diretor honorário de investigações do CNRS, e apresentação de Joan Tarrida, editor e diretor da Galáxia de Gutemberg.
Seguiram-se já os temas da ‘fortaleza’, por Joanna Bourke, professora de História da Universidade, da ‘dignidade’, por Claudio Lomnitz, professor de Antropologia e História da Universidade de Columbia, da ‘paciência’, por Salvador Cardús, professor de Sociologia da Universidade Autónoma de Barcelona, e da ‘justiça’, por Nancy Fraser, professora de Ciências Políticas e Sociais da New School for Social Research de Nova Iorque.
Depois de Lobo Antunes e Juan Marsé, sobre a ‘honestidade’, será a vez da ‘coragem, abordada por Jacqueline Bhabha, professora de Direito na Universidade de Harvard, e da ‘autoestima’ vista por Josep M. Ruiz Simón, professor de Filosofia na Universdade de Girona e articulista no jornal La Vanguardia.
A ‘sabedoria’, a 12 de março, com Jaume Pòrtulas, catedrático de Filologia grega da Universidade de Barcelona, completa a série que procura responder à constatação de que, «paradoxalmente, a prosperidade e o bem-estar nos últimos anos não têm contribuído para fortalecer a vida em comum, antes minaram as suas bases, agudizando a tendência para o individualismo, o descrédito da política e o desprezo por um equilíbrio sustentável entre o presente e o futuro».
«Neste contexto de declínio da vida pública, parece cada vez mais necessário pensar outra vez sobre as virtudes democráticas clássicas e, consequentemente, sobre a felicidade e o bem comuns», dizem os promotores das conferências no Centro de Cultura Contemporânea de Barcelona.
«Agora que, por fim, tudo o que parecia sólido foi desaparecendo, permanece de pé a pergunta sobre como é o mundo que nos agradaria habitar e que virtudes deverão articular a vida coletiva».
São assim lançadas várias perguntas: «a crise económica é largamente uma consequência de um grande fracasso ético? É possível chegar a acordo sobre uma ‘moral mínima’, que continue a ser o património de todos? Como podemos exercer ativamente a cidadania? Quais são os valores e qualidades que devem agora definir as virtudes cívicas?» Algumas respostas estão por estes dias a ser dadas em Barcelona.