A importância de a Língua Portuguesa se afirmar internacionalmente como idioma de ciência e inovação é uma das novidades trazidas pela 2ª Conferência sobre o Futuro da Língua Portuguesa no Sistema Mundial, que reuniu mais de 300 participantes em Lisboa, de 29 a 30 de outubro de 2013.
Esta foi uma das conclusões anunciadas pelo embaixador Rui Aleixo na conferência de imprensa de balanço do evento, decorrida no passado dia 1 de novembro da sede da CPLP, na capital portuguesa.
Por seu lado, a presidente do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, Ana Paula Laborinho, afirmou na mesma ocasião, que as delegações à 2ª Conferência manifestaram a necessidade de transformar o Plano de Ação de Lisboa num quadro de referência que possa ser avaliado,
As delegações deixaram clara a necessidade "de que o plano seja transformado num quadro de referência que permita uma avaliação", explicou a também presidente da comissão organizadora do primeiro segmento (científico e técnico) da 2ª Conferência.
Esta transformação deverá permitir que "não se tenha sempre um conjunto de boas intenções que depois não se podem medir em termos de resultados", disse.
No encontro com os jornalistas, Ana Paula Laborinho destacou ainda o trabalho do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP) "de investigação, de produção e análise constante dos desafios de uma política da língua da CPLP", desenvolvido ao longo de três anos, desde da aprovação do Plano de Ação de Brasília, em 2010.
Também presente, o diretor executivo do Instituto Internacional da Língua Portuguesa, Gilvan Muller de Oliveira, referiu-se ao Portal do Professor de Português Língua Estrangeira e aos Vocabulários Ortográficos Comuns, apresentados na conferência da língua, em Lisboa, como projetos essenciais na afirmação do português.
O projeto dos Vocabulários Ortográficos Comuns (VOC) da língua portuguesa constitui a organização de três vocabulários (ortográficos) nacionais (VON), os de Moçambique, Brasil e Portugal, e é "um instrumento central da língua".
"É a primeira vez que, na história da nossa língua, os VOC do Brasil e de Portugal foram disponibilizados e agregados numa única base. É a primeira vez, na história da nossa língua, que um país africano de língua oficial portuguesa (PALOP) tem o seu Vocabulário Ortográfico Nacional concluído: Moçambique", afirmou.
"Também é a primeira vez que um instrumento central da língua, que é o VOC, e como são os VON que o constituem, foi financiado por um PALOP que é Angola", acrescentou.
Sobre o Portal do Professor de Português Língua Estrangeira (PPPLE), Gilvan Muller de Oliveira explicou tratar-se de um portal já disponível 'online' com 150 unidades didáticas, disponibilizadas por quatro países (Angola, Brasil, Moçambique e Portugal), que passam a cooperar no ensino da língua.
Em julho de 2014, por altura da cimeira da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) em Díli, Timor-Leste, o PPPLE deverá apresentar 730 unidades didáticas, adiantou.
Gilvan de Oliveira explicou que professores de todo o mundo podem incluir as unidades próprias e aumentar as unidades didáticas existentes com recursos, tarefas e exercícios. "Deste modo, espera-se que o portal vá crescendo à medida que o utilizador faça uso dele", declarou.
O diretor do IILP anunciou a realização de uma missão do instituto a Timor-Leste em breve: "é a primeira vez que a CPLP vai para a Ásia e o governo de Timor Leste pediu ao IILP uma missão para desenvolver, com especialistas timorenses, o vocabulário nacional do país, com grande possibilidade de ser depois elaborado para o tétum, que é a sua outra língua oficial", referiu Gilvan de Oliveira.
O diretor do IILP explicou que Timor-Leste é um dos países da CPLP que possui um recenseamento linguístico, o que permite conhecer as línguas faladas pela população e registar o grande interesse na aprendizagem do português.
O embaixador português Rui Aleixo, que presidiu aos trabalhos de elaboração do Plano de Ação de Lisboa, explicou na conferência de imprensa, que este plano é composto, essencialmente, por duas partes: a avaliação da implementação do Plano de Ação de Brasília, adotado durante a 1ª conferência da língua portuguesa, em Brasília, em 2010, e "medidas inovadoras, que refletem aquilo que a sociedade civil entende que deve ser consignado neste documento".
Rui Aleixo reiterou os eixos de construção do Plano de Ação de Lisboa, que retoma algumas das orientações do documento de Brasília, ou porque não foram implementadas, ou por precisarem de ser continuadas, dando especial destaque a um novo eixo que é o da afirmação da língua portuguesa como idioma de ciência e inovação, num conjunto de novas medidas para valorizar o português no mundo.
O CCP vai propor ao próximo Conselho de Ministros de Negócios Estrangeiros da CPLP, que se deverá reunir em dezembro próximo, a adoção do documento. O Plano de Ação de Lisboa deverá ter a sua aprovação final na cimeira de chefes de Estado e de governo, a realizar em 2014 em Díli, Timor-Leste, país que vai ocupar a presidência da comunidade nos próximos dois anos.
Com Agência Lusa