Luxemburgo: Exposição "O Espelho e o Anel", de Pedro Proença
- Calendário
- Camões, I.P.
- Data
- 07.02.2024 - 31.05.2024
- Localização
- Centro Cultural Português no Luxemburgo
Descrição
No dia 7 de fevereiro de 2024, às 18h30, terá lugar a ianuguração da exposição “O Espelho e o Anel”, de Pedro Proença.
Na inauguração da exposição, apresentada pela Embaixada de Portugal e pelo Camões - Centro Cultural Português no Luxemburgo, estará presente o artista Pedro Proença.
"Jorge Luis Borges imaginou 2 heresias num conto, Los Téologos, em que dois teólogos lutam pela carreira, resvalando para heresias devido ao afã e subtileza dos seus argumentos. Uma das heresias que combatem baseia-se numa frase de S. Paulo (videmus nunc per speculum in ænigmate) interpretada de múltiplos modos. A outra é o clássico Eterno Retorno (inadaptável a uma religião historicista e escatológica como o Cristianismo). O resultado é divertido e sempre desejei escrever os evangelhos imaginários dessas pseudo-heresias que o conto inventa. Acho que tenho fracassado em parte nesse propósito ficcional, mas não tenciono desistir. Que estas aguarelas, algo pop, neo-rococó, ou pura combinatória formal, não pareçam ter nada a ver com o medievalismo hierático do conto, é irrelevante. A verdade é que o conto me habitou obcessivamente no período em que as executei, e encontrei um autor, Pierre Klossowski, pensador e desenhador do sec. XX, irmão do famoso Balthus, que me excitou nas relações insuspeitas/involuntárias com este conto, de tal forma que ainda tenho a cabeça a andar à roda.
A exposição consiste em aguarelas em diversos formatos, prática a que me tenho dedicado com afinco no últimos 3 anos e meio (tenho-me gabado, sem medo, da escala e do virtuosismo técnico). Estas obras buscam a pura consistência formal, o paradísiaco, uma certa tradição da "pintura" mais painterly do final do século XIX, início de XX; mas também a ilustração ciêntifica dos séculos percedentes, o ambiente das vanitas, o sublime das pequenas coisas, a espontaneidade zen ou dzogchen, só para dar uma lista (uf!)…
Se nos últimos anos tenho deambulado por práticas neo-conceptuais e meta-curatoriais, esta âncora formalista tem estado sempre presente. Gosto da variedade, da múltiplicidade, de explorar múltiplas hipóteses de produção e de enredar as questões artísticas em processos delirantes. Estas obras aparecem-me, não apenas como uma naturalíssima disciplina, mas como das que me deram maior prazer." - Pedro Proença.
O seu trabalho encena a complexidade através de múltiplos procedimentos estilísticas, numa espécie de pastagem delirante de centenas de heterónimos, principalmente artistas, escritores e curadores, que foram alvo das suas últimas exposições. O artista responde frequentemente ao estímulo estilístico da história (o barroco, o rococó, a idade média, a arte conceptual), mas aborda estes momentos históricos para produzir jogos de formas e ficção que são como programação, muito semelhante à dos procedimentos do Oulipo.
A exposição estará patente no Camões - Centro Cultural Português no Luxemburgo, até ao dia 31 de maio de 2024.