Luanda: Exposição individual "Natureza Viciada", de Luís Damião

Calendário
Camões, I.P.
Data
14.12.2023 - 16.02.2024
Localização
Centro Cultural Português em Luanda

Descrição

O fotógrafo angolano Luís Damião inaugura a 14 de dezembro de 2023, no Camões - Centro Cultural Português, em Luanda, a exposição individual "Natureza Viciada".

A exposição tem a direção artística e produção da galeria de arte contemporânea luso-angolana This is not a white cube, a primeira galeria africana em Portugal que, mantendo uma profunda ligação com África, não se centra exclusivamente nos círculos lusófonos, mas principalmente na estética emergente das produções artísticas culturais do Sul Global.

Com curadoria de Jamil “Parasol” Osmar, a mostra decorre de um ensaio visual que o autor tem vindo a empreender desde 2019 através de um processo de expedição contínua a espaços visceralmente descaracterizados pela poluição decorrente da ação humana na cidade de Luanda.

Através de imagens onde é manifestamente declarada a noção de contaminação, Luís Damião promove visualmente, uma contemplação sobre o profundo impacto da atividade humana no delicado equilíbrio do ecossistema global.

Um corpo de trabalho que, transcendendo o domínio teorético, nos empurra a submergir nas consequências tangíveis do consumismo desenfreado que compromete a coexistência dos seres vivos.

Duas instalações - uma de caráter imersivo e outra de produção colaborativa - e 22 composições fotográficas inéditas, concebidas na aliança entre o documental e o conceptual, redundam na construção de uma atmosfera reverberante, que se ergue à luz e sob a reminiscência desta paisagem futurista e distópica que vem sendo laboratório visual e objeto do labor do artista.

Uma paisagem onde as infraestruturas vivenciais se fundem numa amálgama e onde a natureza e a humanidade sucumbem entretecidas nos despojos da sociedade contemporânea de consumo, reiterando o princípio da construção de uma sociedade que prossegue, convicta e cega, fitando o progresso no horizonte, mas afluindo para a autodestruição, a desertificação e o ecocídio.

Às vistas panorâmicas lavradas sobre papier mâché e papel-kraft, aludindo à renovação necessária da matéria-prima primordial, Luís Damião acresce em “destilador” e “pena de morte” uma estruturação fotográfica habilmente produzida a partir de objets trouvés, sagazmente modificados em favor da sua personificação e de uma ironizarão indisfarçáveis concebida a partir da encenação, da metamorfose e de um animismo quase futurista, que lhes dá vida.

Alheios a esta teatralidade, vigilantes prevalecem como arautos: as crianças que asseiam, purificando e os carvoeiros que semeiam, reflorestando.

“Natureza Viciada” suscita uma reflexão sobre a evolução do conceito de pós-humano na sucessão da era geológica do Antropoceno. Qual anamnese, que nos interpela. Quem somos? De onde vimos? Para onde vamos? Quem nos salvará?

Uma exposição para ver no Camões - Centro Cultural Português de Luanda até 16 de fevereiro de 2024, com entrada Livre.

Esta iniciativa conta com apoio do Camões, I.P.