No âmbito da IV Semana da Cultura Indo-Portuguesa (Goa), realizam-se, no dia 15 de outubro de 2012, às 17.00 horas, na sede do Camões I.P., Lisboa, duas conferências integradas nos “Diálogos Literários Indo-Portugueses” a cargo do escritor português Miguel Real, que se debruçará sobre «A Índia na Literatura Portuguesa» e Everton V. Machado, Professor Assistente da Faculdade de Letras na Universidade de Lisboa, com a comunicação «As controversas leituras de ‘Os Brâmanes’ de Francisco Luís Gomes». Entre o público em geral, estarão presentes professores e especialistas em Literatura Indo-Portuguesa e Estudos Orientais, para além dos delegados goeses que se deslocarão a Lisboa.
A ilustrar as conferências está patente ao público uma Mostra de Literatura na sede do Camões I.P. entre os dias 12 e 15 de outubro, das 10.00 às 17.00 e, posteriormente, na Casa de Goa em Lisboa.
Os Diálogos Literários Indo-Portugueses representam uma iniciativa da Comissão Organizadora da IV Semana da Cultura Indo-Portuguesa (Goa) que pretende, através das Conferências e da Mostra de Literatura Goesa, divulgar e promover obras e autores portugueses e goeses, estabelecendo as pontes e as sinergias necessárias para novas produções e edições literárias futuras que correspondam ao interesse de um maior número de leitores.
A Mostra inclui uma seleção das mais relevantes obras literárias editadas recentemente em Goa que convém dar a conhecer ao público português e, em particular, aos leitores da comunidade goesa que residem em Portugal. A Literatura Goesa em Português representa indubitavelmente um valioso legado cultural que enriquece a Literatura Lusófona no seu todo, graças ao contributo de algumas importantes obras de autores consagrados e figuras de relevo na vida cultural, social e política de Goa a partir do século XIX. Nomes do passado como Francisco Luís Gomes, Paulino Dias, Floriano Barreto, Lino Abreu, Adeodato Barreto, Orlando da Costa, Gip (pseudónimo de Francisco João da Costa), Agostinho Fernandes, Nascimento Mendonça, Vimala-Devi ou até Laxmanrao Sardesai são hoje secundados por autores em língua Concanim, Marata ou Inglesa que importa promover nesta edição da Semana.
Índia, ao longo dos tempos, tem sido tema de inúmeras manifestações culturais portuguesas. As relações históricas entre os dois países revelam-se ainda hoje em diversos aspetos, quer sejam de índole linguística, artística, arquitetónica, gastronómica, quer sejam nos hábitos, tradições, festividades e costumes.
Os Diálogos Literários Indo-Portugueses, integrados na «IV SEMANA DA CULTURA INDO-PORTUGUESA», visam estreitar os laços de amizade entre os dois povos e dar a conhecer ao público nacional algumas das mais relevantes produções literárias sobre a Índia, e em particular sobre Goa, o mais pequeno estado da República da Índia, que apesar da reduzida dimensão oferece condições únicas para se assumir como plataforma privilegiada no diálogo intercultural entre o subcontinente indiano e a Europa, onde se situa Portugal.
Para além da vasta historiografia e registo não ficcional que nos liga, a literatura de ficção, particularmente no género do romance histórico e nos relatos de viagem, também facilita o nosso esforço de fortalecer as bases para uma mútua compreensão e entendimento, contribuindo para o desenvolvimento de uma ajustada consciência intercultural.
O fascínio e vivo interesse que a Índia desperta nos portugueses está bem patente na extensa produção literária publicada no século XXI. Encabeçando a lista encontra-se, naturalmente, Uma Viagem à Índia de Gonçalo M. Tavares, obra surpreendente e inédita, galardoada com Prémio SPA/RTP para a melhor ficção narrativa 2011, com o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores e o Prémio Literário Fernando Namora/Estoril Sol 2011, que, como diz Eduardo Lourenço, constitui “uma navegação da alma pós-moderna” sob a forma de uma anti-epopeia; ainda recentemente Raquel Ochoa deu ordem de partida à sua Casa-Comboio, Prémio Revelação Agustina Bessa-Luís 2009; igualmente galardoado foi este ano o poeta e prosador Luís Filipe Castro Mendes, antigo embaixador de Portugal em Nova Delhi, com o livro Lendas da Índia, Prémio António Quadros 2011; já em 2012 foi a vez de Almeida Faria dar-nos no Murmúrio do Mundo, um belíssimo relato da sua viagem à Índia, complementado com as soberbas ilustrações de Bárbara Assis Pacheco, o afetuoso registo de Filipa Nery no seu romance histórico, Da Índia com Amor, ou o novíssimo romance de Miguel Real, O Feitiço da Índia.
Através da escrita ficcional de alguns dos mais conceituados autores portugueses podemos de facto respirar, numa espécie de caleidoscópio de cores, sons e sabores, a atmosfera mágica de uma Índia milenar onde tradição e modernidade são as duas faces de um mundo pujante e dinâmico que incessantemente nos fascina.