Alterar o entendimento sobre o âmbito dos Estudos Portugueses no exterior, que tradicionalmente os circunscreviam à História, à Língua e à Literatura e alargá-lo às diferentes disciplinas das ciências sociais, de modo a permitir uma colaboração mais estreita com as universidades portuguesas, foi uma das ideias em que assentou o trabalho desenvolvido pelas partes na elaboração dos protocolos de cooperação que o Instituto Camões (IC) assinou, terça-feira, 3 de Maio, na sua sede em Lisboa, com três instituições portuguesas da área da Ciências Sociais, destinados a apoiar a actividade do Centro de Estudos em Língua e Cultura Portuguesa (CELCP/IC Londres) e a cátedra Charles Boxer, no King’s College of London.
As instituições em causa são o Instituto de Ciências Sociais (ICS), que se dedica à investigação e ao ensino pós-graduado na área das ciências sociais, o Instituto Português de Relações Internacionais da Universidade Nova de Lisboa (IPRI-UNL), que trabalha na área das relações internacionais e da política comparada, e o SOCIUS – Centro de Investigação em Sociologia Económica e das Organizações, uma unidade de investigação integrada no Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) da Universidade Técnica de Lisboa, que pretende agora «desenvolver o seu âmbito de estudo para a África de expressão portuguesa».
A presidente do Instituto Camões explicou durante a cerimónia que estes protocolos têm como objetivo “estabelecer parcerias com três instituições de reconhecido mérito científico e permitir o contato de centros de investigação portugueses com universidades estrangeiras através da rede do Instituto Camões”.
Na cerimónia de assinatura, o ICS representado pelo seu Diretor Jorge Vala considerou “a assinatura deste protocolo como uma oportunidade de internacionalização das ciências sociais e das universidades portuguesas”. Como ‘testemunha de honra’ do investigador esteve presente António Costa Pinto.
Pelo IPRI-UNL rubricou o protocolo o seu Diretor, Carlos Gaspar, antigo assessor e consultor do Presidente da República Jorge Sampaio.
Em nome do SOCIUS, José Maria Carvalho Ferreira, Presidente, assinou o protocolo, que teve também a rubrica como ‘testemunha de honra’ do investigador Manuel Ennes Ferreira.
Pelo IC, os três protocolos foram assinados pela sua Presidente, Ana Paula Laborinho, e tiveram como ‘testemunha de honra’ a diretora do CELCP/IC Londres, a investigadora Luísa Pinto Teixeira.
Os documentos, muito semelhantes no seu conteúdo, visam «estabelecer um quadro de colaboração» entre as partes «através da realização de actividades conjuntas em áreas científicas e campos temáticos comuns» às diferentes instituições em causa.
A assinatura dos protocolos é justificada pelo «crescente interesse pelos Estudos Portugueses no Reino Unido», pelo papel que tanto a cátedra Charles Boxer como o CELCP/IC Londres desempenham na «promoção da Língua Portuguesa e das Culturas que nela se expressam em Londres», «uma das capitais financeiras e empresarias da Europa e do Mundo», e pela orientação do IC de apoiar «as sinergias necessárias para a internacionalização dos Estudos Portugueses a partir dessa base».
Nesse quadro, os protocolos estabelecem como objectivos da colaboração na realização de «projetos de investigação», a participação de investigadores das instituições envolvidas «em estágios, cursos e outras actividades» por si organizadas, o acesso «às bibliotecas e centros de documentação» das instituições, o desenvolvimento de «actividades de formação» e a «prestação conjunta de serviços a entidades externas».
Nos documentos, o IC compromete-se, através dos seus programas, a «apoiar a edição de trabalhos de investigação no âmbito de ensino dos Estudos Portugueses, produzidos como resultado das conferências e seminários científicos organizados» no quadro da colaboração contemplada pelos protocolos. Poderá ainda conceder «bolsas anuais do Programa Fernão Mendes Pinto» para apoio a «programas de desenvolvimento das organizações em língua portuguesa, junto do CELCP/IC Londres».
Em contrapartida, o ICS oferece ao IC «uma colecção das obras» por si publicadas «destinada à biblioteca do CELP no King’s College London».
Os protocolos, cuja vigência é de três anos, automaticamente renovável por iguais períodos, prevêem a existência de uma comissão de acompanhamento, encarregada de coordenar a sua execução.