Entre 4 e 5 mil pessoas são esperadas, entre 3 de maio e 17 de junho, na 7ª edição do Boston Portuguese Festival (Festival Português de Boston), uma das mais significativas iniciativas que, fora de Portugal - no caso, nos Estados Unidos - mostra anualmente a cultura portuguesa.
O festival, organizado desde 2006 pela comunidade portuguesa no Estado do Massachusetts (Nova Inglaterra) - e que, de alguma forma, a celebra -, e pelo consulado-geral de Portugal em Boston, culmina a 17 de junho no dia da parada portuguesa, quando carros alegóricos, bandas e grupos representativos da comunidade desfilam a partir da Portuguese Square, em Sommerville, até à igreja de St Anthony, na esquina da Cambridge Street e da Cardinal Medeiros Avenue.
Encerra assim o programa do festival - apoiado pelo Instituto Camões, Fundação Luso-Americana, Governo Regional dos Açores e por empresários e associações da comunidade portuguesa -, que este ano é aberto a 3 de maio com um concerto de música erudita portuguesa pela dupla de violoncelistas David Cruz e Raquel Gorgojo, a partir de obras de Fernando Lopes-Graça e Luís de Freitas Branco).
Cinema, literatura e artes visuais integram a programação, que conta ainda com um espetáculo de cavalos lusitanos (2 de junho) e regatas de barcos baleeiros açorianos (3 de junho).
A cargo do Centro de Língua Portuguesa de Boston estará a 4 de maio, na véspera do Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na CPLP, a conferência Literaturas em Língua Portuguesa – A Reconstrução da Identidade em Contextos de Migração, que contará com a participação de escritores de três países lusófonos com importantes comunidades imigradas no nordeste dos Estados Unidos.
Os autores - Jacinto Lucas Pires (Portugal), Milton Hatoum (Brasil) e Manuel Veiga (Cabo Verde) – participarão na Universidade de Massachusetts Boston «numa animada discussão sobre as questões da língua, identidade, imigração, cultura e insularidade, tão relevantes para as grandes comunidades de língua portuguesa que residem na região de Boston», segundo os organizadores do evento em que se contam também os consulados dos três países de origem dos autores.
Outra das novidades do festival é uma exposição fotográfica de Luís Pavão com o tema Fado Vadio, «uma vertente menos conhecida no exterior» do género que desde dezembro é património imaterial da humanidade da UNESCO.
De destacar a restrospetiva dedicada à obra dos cineastas portugueses António Reis e Margarida Cordeiro e de realizadores a que estes estiveram ligados ou por eles foram influenciados, como Manoel de Oliveira, Paulo Rocha, Joaquim Sapinho, João Pedro Rodrigues, Pedro Costa, Manuela Viegas e Vítor Gonçalves. A retrospectiva vai ter lugar a 18-21 e 25-26 de maio no Harvard Film Archive, a cinemateca da Universidade de Harvard, em Cambridge, no Massachusetts.
O festival tenta sempre «encontrar um ponto de equilíbrio entre eventos mais populares e os recitais de música ou as conferências temáticas, mais a pensar em determinadas camadas como os amantes da música ou da literatura», segundo declarou à Agência Lusa o cônsul-geral de Portugal em Boston, Paulo Cunha Alves.
O diplomata referiu que a participação no festival tem vindo a crescer de ano para ano, especialmente em 2010 e 2011, graças a um maior esforço de publicitação dos eventos, com um investimento significativo na angariação de fundos e maior envolvimento de luso-americanos empresários e estudantes universitários portugueses na região. «Foi notório o aumento do público, quer nos eventos mais focalizados, como o cinema ou a música, quer nos eventos mais dedicados ao grande público, português e americano, como o Show do Cavalo Lusitano, a Regata dos Botes Baleeiros dos Açores ou a Parada do Dia de Portugal», acrescentou o diplomata.